terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Boas Festas
Politicamente 2009, será marcado por três actos eleitorais: Europeias, Autárquicas e Legislativas, e assim, será um ano de trabalho político intenso, para todos nós, que estaremos na primeira linha do combate político, ajudando às vitórias do PPD/PSD.
O próximo ano, será um ano marcadamente dificil, em termos económicos e sociais, em que infelizmente se vai acentuar a chaga social do desemprego. É tempo de "mudar de vida", pelo que relembro, pela sua actualidade alguns dos pontos, das duas moções sectoriais que apresentamos, ao último congresso nacional do PSD, e que são propostas claras para a governação:
Um grande desígnio nacional – Exportar
Um crescimento acelerado, tem que ter por base, um “desígnio nacional”, as Exportações.
O Estado deve estimular as empresas exportadoras, criar condições para levar novas empresas a exportar, ou seja tendo por base o nosso tecido industrial de PMEs, há que ajudar na criação de condições físicas e de gestão, e sobretudo através de linhas de crédito, Plafonds, etc. na melhoria do Fundo de Maneio, que é o principal factor de inibição à exportação nas PMEs
Reformar a Justiça
A resolução dos problemas da Justiça (área em que demasiada burocracia consome demasiados recursos, sem resultados) é nuclear para o desenvolvimento de Portugal, Sem resolvermos os problemas da Justiça, não teremos um crescimento económico sustentado no médio longo prazo.
Uma justiça mais rápida e eficaz é fundamental para a captação de investimento estrangeiro, devendo-se simplificar todo o processo de constituição de empresas, acelerar as condicionantes dos processos de falência e “julgar” em tempo útil.
Redução de Impostos
É necessário reformar o sistema fiscal, tornando-o mais simples e menos burocrático.
É forçoso em conjunto com a redução da despesa pública primária, a redução da carga fiscal, nomeadamente do IRC e do IVA, caminhando para uma harmonização fiscal com Espanha.
Medidas de Emergência no curto prazo
Vivendo o País um quadro de emergência social e sabendo que as políticas acima, não produzirão efeitos imediatos, mas sim sustentadamente no médio e longo prazo, são necessárias medidas excepcionais, de ataque à pobreza e que minorem os sacrifícios e estado de desespero dos nossos concidadãos no desemprego.
Assim, é forçoso concretizar um programa nacional, que envolva as Autarquias Locais, as Instituições de Solidariedade Social, Empresas (mecenas) e o Estado central, que intervenha em rede social, nos seguintes eixos: Iniciativas de Emprego, Qualificação, apoio às Famílias carenciadas, família /Escola, satisfação de necessidades básicas, novo projecto de vida, parcerias de desenvolvimento local e social.
O actual governo tem demonstrado incapacidade e insensibilidade, para se ultrapassar esta situação, pelo que cabe à oposição, com seriedade, formular políticas alternativas e fazer com que os portugueses acreditem, que é possível fazer crescer a economia na próxima década, e promover assim políticas de desenvolvimento económico e social.
Renovo os votos de um Santo Natal, e apesar das dificuldades, um ano de 2009, repleto de sucessos.
Luis Artur
Porto Laranja – Jantar Debate de Dezembro
" A crise financeira actual e os efeitos nas ideologias dominantes"
Orador Convidado: Dr. Carlos Magno
Uma excelente intervenção do Dr. Carlos Magno, propiciou um debate vivo e participado.
Mais um sucesso do Porto Laranja, com um significativo número de participantes.
Oportunamente publicaremos uma sintese da intervenção do orador convidado, bem como dos participantes no debate.
Desde já publicamos algumas fotografias.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Caras(os) Companheiras(os),
Convoco o próximo jantar / debate, para o dia 9 de Dezembro de 2008 (Terça Feira),pelas 20h.
Local : Hotel TRYP Porto Centro, na Rua da Alegria, nº 685 ( Antigo Hotel Castor)
Agenda:
Tema do debate : " A crise financeira actual e os efeitos nas ideologias dominantes"
Orador Convidado: Dr. Carlos Magno
20 h 15m - Jantar
21h - Introdução ao Debate - Engº Carlos Brito;
21h 15m - Intervenção do Dr. Carlos Magno;
22 h - Debate
Duração do debate 2 horas.
Luis Artur
Orador Convidado: Prof. Doutor Pedro Arroja
Este jantar/debate foi mais um enorme sucesso do Porto Laranja. Com uma sala repleta, a superior intervenção do Professor Pedro Arroja, foi seguida com extrema atenção e foi o mote para um debate interessantíssimo. Em breve publicaremos esta intervenção, que foi uma excelente "aula" de Economia Política. Desde já publicamos algumas fotografias deste jantar/debate.
Luis Artur

segunda-feira, 3 de novembro de 2008
A crise financeira
O mercado de crédito hipotecário de alto risco, o “subprime”, está na base da actual crise financeira e já provocou perdas significativas em todo o Mundo, marcando o fim duma época caracterizada por crédito acessível e barato. A escalada da crise no sector financeiro desde o Verão veio piorar o cenário macroeconómico.
Durante muitos anos o sector financeiro foi um dos motores de desenvolvimento dos países. Tomando como base o país “epicentro da crise”, os EUA, o peso do sistema bancário no PIB passou de 5%, nos anos 80 do século passado, para cerca de 20%, na
actualidade. Um outro país, a Islândia, encontra-se à beira da bancarrota, devido ao peso que a banca representa no pequeno país do norte da Europa.
O que trará o fim do dinheiro barato e acessível? Menores taxas de crescimento no futuro. As empresas e famílias terão de obter, cada vez mais, financiamento na sua própria actividade e nas poupanças.
A nossa economia, como é sabido, é aberta ao estrangeiro e possui um elevado grau de relacionamento com países que se encontram vulneráveis à crise do crédito. Está previsto para Portugal, para o ano de 2009, uma taxa de crescimento nula. Em Espanha, Irlanda, Itália e Inglaterra as estimativas apontam para crescimento abaixo de zero. Aliado a este facto verificamos que os níveis de endividamento das empresas e das famílias portuguesas se situam em níveis demasiado altos.
Nas últimas semanas assistimos a algumas reuniões entre chefes de estado. As quatro
principais economias europeias, pertencentes ao G8, reuniram-se de forma a resolver os problemas para a crise. Espanha, Itália e outros países têm vindo a público dar um sinal de esperança aos cidadãos. A uma ou a várias vozes, os países europeus têm conseguido dar respostas a casos concretos, contudo, para contrariar a crise, essas mesmas medidas terão de ser tomadas em conjunto por todos os países da UE.
Em Portugal foram tomadas algumas medidas. Nem todas para combater a crise. Assegurar a totalidade dos depósitos é benéfico para clientes dos bancos e para os próprios bancos. O anúncio das medidas do primeiro-ministro José Sócrates, no parlamento, com excepção do aumento dos subsídios às PME, não resolve os principais problemas das empresas, i.e. a falta de liquidez e dificuldades de tesouraria. A redução do imposto de IRC para 12,5% para a matéria colectável até 12.500 euros é uma boa medida – não nos podemos esquecer que medida similar foi apresentada pelo PSD e chumbada pelo PS. O 13º mês de abono para as famílias mais carenciadas foi uma das medidas tomadas pelo governo de Santana Lopes…
Mas o que fazer para melhorar a saúde financeira das empresas? O PSD apresentou uma medida de apoio às PME através da alteração do IVA. Em traços gerais, o pagamento do IVA ao Estado seria efectuado após as empresas receberem o dinheiro da factura. Esta medida traria liquidez às empresas. Recordo que as empresas têm de pagar o IVA mesmo quando o devedor é o próprio Estado… é imoral.
E a banca? Os principais e maiores bancos portugueses estão a apertar, cada vez mais, os critérios na concessão de crédito. Temos que salientar que não assistimos a uma especulação imobiliária como nos EUA ou na vizinha Espanha, pelo que o risco de crédito mal parado é menor que outros mercados. De salientar a garantia dada pelo governo por tudo fazer no sentido de manter o sistema financeiro sólido.
Para finalizar um conselho: pare, escute e olhe. Não entrar em pânico e não retirar o dinheiro dos depósitos, fundos e outros investimentos. Caso tenha coragem, invista.Luís Correia
domingo, 2 de novembro de 2008
Jantar/Debate "A Crise Financeira e os Efeitos na Economia Real"
Hora: 20h00m
Local: restaurante Ainda por definir
Agenda:
Tema do debate : "A crise financeira e os efeitos na economia real"
Orador Convidado: Prof. Doutor Pedro Arroja
20h15m - Jantar
21h00m - Introdução ao Debate - Engº Carlos Brito
21h15m - Intervenção do Prof. Doutor Pedro Arroja
22h - Debate
Duração do Debate -2horas.
Mais um Jantar Debate - o "Estado da Educação"
Carlos Brito
Introduziu o debate, questionando o próprio tema: o “Estado da Educação” ou a “Educação do Estado”?
Referiu-se ao papel interventivo e dominante do Estado em matéria de Educação, num sistema em que a população adulta, já “educada”, é serva desse mesmo Estado “todo-poderoso”.
Os comportamentos desviantes dos alunos são, em seu entender, resultado de um desajustamento entre as expectativas dos próprios e o sistema de ensino que vigora em Portugal. Apela a uma reflexão: auto-ensino? auto-aprendizagem? E condução livre da formação da consciência individual, pelo próprio?
“O Estado deixou de ser o dono do conhecimento. Limite-se a ser um bom transmissor!”, rematou.
João Dias da Silva
Professor, Secretário-Geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), Presidente da União Geral de Trabalhadores (UGT) e Presidente da Mesa do Congresso dos Trabalhadores Social Democratas (TSD), João Dias da Silva foi o orador convidado deste Jantar / Debate.
Começou a sua intervenção referindo-se à Educação como um tema um aberto à discussão de todos. Porque todos lá passamos… todos como alunos, muitos como pais, alguns como professores. “Na Educação é como no Futebol, somos todos treinadores de bancada”.
Realçou as diferenças que, ao longo dos tempos, alteraram os paradigmas da sociedade e, em consequência, da Educação: “Por exemplo, na Economia. Ontem, adivinhava-se o futuro. Hoje, nem os melhores se atrevem a fazê-lo”.
Defendeu o papel da Escola na certificação das pessoas para o mercado de trabalho. Lembrou que Portugal é o país da EU com mais baixas qualificações, apesar de ter sido o que mais gastou na qualificação de trabalhadores activos, para criticar o excesso de preocupações com o aumento de qualificações, em vez do necessário aumento de competências. Assim, sublinha, “enganamo-nos a nós e aos jovens que vão entrar no mercado de trabalho”.
Entende que as políticas educativas têm reflexos a 5/10 anos, de forma coerente, consistente e confiante e que, por isso mesmo, da sucessiva alteração de Ministros da Educação e das respectivas políticas adoptadas obtemos meros resultados experimentais, impeditivos de um coerente funcionamento e desenvolvimento do sector – realçou que, desde 1974, só 3 dos 16 Ministros da Educação terminaram o mandato.
Defende um ensino atento ao aluno, enquanto indivíduo particular, com um percurso, uma personalidade e necessidades próprias. O professor, acrescenta, “não deve mais trabalhar para o aluno médio, porque este não está na sala de aula. Quem lá está é a Ana, o João, o Francisco…”
Lamentou o abandono do ensino profissionalizante, em prol da perspectiva exclusiva de acesso ao ensino superior. Este factor, no seu entender, levou a que Portugal se tornasse no país da EU com maior taxa de abandono escolar.
Falou também dos Professores e para os Professores. Considera excessiva e desadequada a carga de trabalho burocrático a que hoje os professores estão sujeitos – procedimentos administrativos inúteis e obrigatória participação em reuniões de duvidosa pertinência.
Realçou a necessidade de uma maior exigência em matéria de ensino. “Aos alunos não é exigido nada, apenas que compareçam no dia do teste. Assim não damos confiança ao sistema e enganamos os próprios alunos.”
Concluiu a intervenção, apontando alguns caminhos que considera estratégicos para Portugal: Equilíbrio entre a Escola e a Família, aposta na formação superior relacionada com o Mar, mais investimento em investigação científica e melhor aproveitamento da imigração qualificada.
Luís Rocha
Começou por elogiar o diagnóstico feito por João Dias da Silva. “Triste mas realista!”, no seu entender.
Relacionou a actual crise financeira com o futuro da Educação. “A ocorrência de uma situação catastrófica, à escala de 1929, antecipa o fim do actual Estado Social, insustentável”, do seu ponto de vista.
Salientou a necessidade de existir liberdade intelectual e criticou a imposição de quaisquer Valores por parte de um qualquer burocrata. O exemplo, “porquê inglês para todos?”, questionou. Prefere um mercado escolar em concorrência, com programas e conteúdos distintos. “Se uma escola leccionar o Inglês, outra o alemão e outra o chinês, aumenta a diversidade e enriquece o conhecimento geral”.
Criticou, na sequência, o Estado “paizinho” de todos. “Da forma como actua, mais não faz que retirar responsabilidade aos cidadãos”, concluiu.
Adriana Neves
Questionou João Dias da Silva sobre “o papel dos sindicatos na melhoria do Estado e da Sociedade, tal e qual hoje os conhecemos”. Em resposta, João Dias da Silva lembrou que as grandes reformas sociais que ocorrem no mundo têm origem e participação dos sindicatos.
Paulo Meireles
Começou por referir-se às Ordens Profissionais e aos Sindicatos como forças de bloqueio ao normal funcionamento da sociedade.
Criticou as “Novas Oportunidades”, que, julga, “vão necessariamente gerar mais desemprego qualificado”.
Questionou, por fim, a proposta do PSD em garantir o ensino obrigatório até ao 12º ano de escolaridade. “Para quê obrigar um aluno a continuar a estudar se ele, notoriamente, não o deseja?”
Moreira da Silva
Ressalvou “o debate de ideias livres de militantes e simpatizantes do PSD, fora do PSD, talvez por falta de instalações”. Criticou depois o silêncio e a ausência da Presidente do Partido.
Em relação ao tema em debate, questionou João Dias da Silva: “o que é o PSD, que tantos anos foi governo, devia ter feito e não fez e fez e não devia ter feito?” e, em sequência, se “a nossa representação parlamentar está à altura do debate da Educação sem tapar a cara com um pano negro?”
José Oliveira
Começou por abordar, na perspectiva de Professor, a passagem da gestão das escolas EB23 do Estado para as Autarquias.
Questionou depois: “O que queremos para o nosso País?”, de cuja resposta depende, no seu entender, também o futuro da Educação em Portugal.
Entende que o Estado “tutor” levou à desresponsabilização das famílias que, defende, deviam desempenhar papel central na educação dos mais jovens.
Levantou diversas questões relacionadas com o estatuto do Professor e concluiu com mais uma questão: “Deverá a Educação em Portugal responder às necessidades sociais ou não?”
Arnaldo Madureira
A abrir a sua intervenção, faz um diagnóstico próprio sobre o Estado da Educação: “Perante um cenário que inclui escolas de uma pobreza atroz e famílias que não educam, Portugal produz todos os anos 70.000 licenciados, dos quais 30.000 não têm colocação na sua área de ensino.” Todos (escolas, famílias e Estado), em seu entender, são responsáveis.
Criticou, de seguida, o “Magalhães”. Acredita que a apetência natural para a aprendizagem não existe e que, por isso, servirá apenas para os alunos se entreterem no HI5, no Messenger e nos mais diversos jogos de diversão.
Entende que a escola, conceito tal e qual a conhecemos, “não mudará nos próximos 100 anos”.
Em relação ao debate político sobre Educação na Assembleia da Republica, julga que, tal como em relação muitas outras matérias, também nesta, “a bancada do PSD não faz o trabalho de casa e, por isso, não sabe mais”.
Conclui com um pensamento crítico: “Não há solução para o Partido. Há, por vezes, um Partido desinteressado que se sobrepõe a outro”…
Luís Gonçalves Seco
Iniciou por agradecer ao Grupo Porto Laranja a oportunidade do debate.
Na perspectiva de Professor Universitário, defendeu um modelo de financiamento diferente para o Ensino Superior, “mais virado para o aluno”. Em seu entender, o Estado deveria financiar directamente o aluno (em vez da Universidade) que por sua vez pagaria uma propina adequada à respectiva Universidade. O aluno seria financiado, mais ou menos, em função dos resultados obtidos. “Assim, premiava-se o esforço dos melhores alunos, ao mesmo tempo que se colocava as Universidades públicas em competição de qualidade, à semelhança do que se passa no ensino superior privado e cooperativo”, justifica.
A concluir, defendeu mais investimento por parte do Estado na Investigação Cientifica.
Mariana Macedo
Começou por demonstrar franco optimismo em relação ao futuro da Escola e da Educação em Portugal.
Defendeu depois a introdução da Educação Sexual como disciplina obrigatória.
Concluiu a intervenção questionando a empregabilidade de alguns cursos superiores.
Luís Proença
Referiu-se a um problema local no âmbito da Educação: a intenção do Governo Socialista em fechar o Liceu António Nobre.
Salientou que numa freguesia como Paranhos, onde residem cerca de 50.000 pessoas, dos quais 2.800 com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos (naturais estudantes do ensino secundário), e existem duas escolas secundárias – António Nobre e Filipa de Vilhena, o fecho do Liceu António Nobre representa, em seu entender, a descapitalização do ensino local, com prejuízos sociais relevantes, nomeadamente a migração das famílias para outros concelhos melhor equipados ou o abandono escolar dos menos interessados.
Questionou João Dias da Silva sobre a capacidade política das Autarquias Locais em impedir esta intenção latente do Ministério da Educação.
Carlos Eiriz
Começou por se referir ao papel das famílias na Educação: “A Educação começa em casa, de onde a criança deve vir preparada para a escola”, referiu.
Criticou as condições físicas das escolas públicas, sem estruturas adequadas a um ensino de qualidade.
No seu entender, “o sistema de ensino actual, facilitista, leva os alunos ao Superior, muitas vezes sem saberem porquê nem para quê”.
Vê também as ordens profissionais como forças de bloqueio, ao impedir, em concreto, o exercício da actividade profissional por licenciados em cursos homologados pelo Ministério do Ensino Superior.
Revelou-se, por fim, contrário ao modelo neo-liberal importado dos Estados Unidos da América. “Como se está a ver agora não dá resultado. Apenas serve para alguns privados ganharem dinheiro”.
Jorge Trabuco
Começou por realçar a diferença que entende existir entre os conceitos Escola e Educação, para defender o conceito de Escola “Ainda me lembro da minha primeira escola e do meu primeiro professor” e criticar o actual estado da Educação.
Defendeu depois um sistema de avaliação dos professores, próximo do que existe para qualquer outra profissão. “Uma avaliação justa de todos, professores e alunos”.
Luis Artur
Referiu como primordial, uma maior ligação das escolas ao meio empresarial e profissional, não só na definição dos programas, como também na vivência diária das escolas. A este propósito, referiu que deveria fazer parte da formação contínua dos professores, esta ligação às empresas.
A educação é fundamental a médio prazo, para aumento da competitividade e produtividade nas empresas, com a melhoria das qualificações, mas chamou a atenção, para algum desfasamento entre as qualificações dadas pela escola, e das reais necessidades da economia. Referiu a taxa de desemprego na ordem dos 16%, de jovens licenciados.
Referiu também a necessidade da avaliação dos professores, insistindo num modelo realista e honesto, que contribua para uma maior exigência na escola, e que é absolutamente necessário, para que a Avaliação de Desempenho funcione, que da mesma resulte uma remuneração variável. É tempo de acabar com o facilitismo e o que chamou de “passagens administrativas” .
O Dr. João Dias da Silva encerrou o debate, respondendo às diversas questões formuladas, e aos comentários das diversas intervenções.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
O fim de uma era? (*)
Certo é que, a crise actual tem, na sua sequência, várias similitudes com a grande depressão de 1929: sobreprodução global potenciada por excesso de liquidez, seguida de uma abissal desvalorização de activos, consequente e acentuada redução da massa monetária e inerente contracção do crédito que ameaça paralisar a actividade económica. A causa remota foi então idêntica, ou seja, excessiva criação monetária incentivada pelos Bancos Centrais ao longo de mais de uma década, via taxas de juro artificialmente baixas e, na actualidade, fixação aos bancos de insignificantes taxas de reservas. A expansão de moeda que daqui decorre, não directamente relacionada com o crescimento económico, leva a investimentos especulativos geradores das chamadas “bolhas” que, inevitavelmente, rebentam quando a taxa de juro inverte e os mercados se apercebem do enorme desequilíbrio entre investimento e poupança. Assistimos agora ao estoiro da bolha do subprime, decorrente de uma expansão vertiginosa do crédito hipotecário a abranger devedores conhecidos à partida como sendo de alto risco. A desvalorização dos activos imobiliários – cerca de 2/3 nos Estados Unidos desde o respectivo pico – levou os bancos a assumirem perdas monstruosas nos respectivos créditos, com a inerente insolvência de alguns deles. Na prática, isto mais não é do que o “queimar” de todo o “dinheiro falso” criado anteriormente e que potenciou a bolha.
Há porém uma diferença substantiva face à crise de 1929: os Estados, as entidades de quem todos esperam a solução providencial, constituem hoje os agentes económicos mais indisciplinados do planeta, habituados a gerir um “modelo social” cada vez mais caro com base no défice e na dívida. Confrontados com uma situação de quase catástrofe, reagem da única forma que conhecem, atirando dinheiro aos problemas. Como por todo o lado se encontram reféns de lobbies organizados, qualquer apoio reverte no imediato benefício destes, com especial destaque para a banca, por sinal o sector com maiores responsabilidades na crise, sempre em cumplicidade com os mesmos Estados que, em devido tempo, lhes garantiram a criação monetária para financiarem os créditos de alto risco. Ou seja, todas as soluções já implementadas ou a implementar, vão em benefício do infractor e em prejuízo do eterno financiador final, o contribuinte, com nula capacidade de intervenção e influência. Estamos a falar para já, contando apenas com o Plano Paulson e o Plano Europeu e abstraindo das maciças injecções de liquidez por parte dos Bancos Centrais, de algo como 2,5 biliões de dólares (triliões em termos americanos).
As reacções dos mercados, consubstanciadas nos índices bolsistas, com quedas desde o início do ano a ultrapassarem os 40%, têm denotado um enorme cepticismo. Porventura pelo reconhecimento de que as soluções propostas mais não são do que a tentativa de cura com o mesmo veneno que provocou a doença, a expansão monetária. Só o “pacote” europeu, ascende a 1,3 biliões de euros, qualquer coisa como 15% do PIB da EU, destinados a aumentos de capital dos bancos e a garantir o respectivo financiamento nos mercados interbancários. Uma hipotética utilização de toda aquela verba, encharcaria os mercados de euros, com efeitos mortíferos na estabilidade da moeda e na inflação, podendo pôr em risco a própria união monetária.
Não se conseguindo a retoma da confiança e a acontecerem mais falências bancárias, hipótese já aventada pelas autoridades americanas, a propagação para a economia real pode ter efeitos devastadores, com falências em série e subida exponencial do desemprego. Os Estados ficarão exangues, incapazes de acorrer em simultâneo a instituições insolventes e a carências sociais de todo o género. Será a falência do “Estado Social”, que não resistirá à fragilidade dos seus alicerces de dívida e défices. As tentações proteccionistas serão enormes, o que acentuará ainda mais a recessão à escala global. No final, emergirão três novas potências económicas, a China, a Índia e o Brasil, para onde o Ocidente “exportou” maciçamente capacidade produtiva nos últimos 20 anos e que compensarão a queda das exportações com o desenvolvimento dos seus mercados internos, com uma profundidade quase infinita.
E Portugal no meio disto? É apanhado no turbilhão numa situação de extrema fragilidade. O período de expansão económica global que ocorreu nos últimos 10 anos passou-nos totalmente ao lado e não deixámos de divergir face à média europeia, tendo já sido ultrapassados por alguns dos países de leste com quem concorremos na captação de investimento estrangeiro e caminhando assim alegremente para a cauda. Uma balança de transacções correntes em cerca de 10% do PIB e uma dívida externa que mais do que o duplica, ilustram uma situação de quase mendicidade. Não estando o seu sistema bancário exposto aos chamados “produtos tóxicos” do subprime, é no entanto responsável por uma grande parte da dívida externa, a que nada servirá a garantia do Estado se o risco-País aumentar por força de uma hipotética desagregação da união monetária. Teríamos então uma inflação estratosférica e uma queda abissal do nível de vida, com repercussões sociais alarmantes.
O acordar súbito para a realidade de quase toda a população, há vários anos “dopada” por doses maciças de propaganda governamental que promete diariamente o paraíso na terra, representaria um choque de dimensões imprevisíveis. Ressaltaria então a total incompetência da nossa classe dirigente para lidar com uma situação de catástrofe e, fruto do seu eterno e crescente intervencionismo no quotidiano de todos nós, a ela seria imputada toda a responsabilidade, com ou sem razão para tal. A instabilidade política redundaria rapidamente em crise de regime, a denotar desde há muito sinais de podridão. Uma sociedade civil abúlica por séculos de estatismo paternalista, estaria então de novo receptiva para a emergência de um caudilho.
(*) Artigo publicado inicialmente no semanário O Diabo em 21/10/2008
domingo, 5 de outubro de 2008
O Futuro do Aeroporto Sá Carneiro – Uma questão essencial nas autárquicas de 2009
No entanto, sempre que aparece, as suas intervenções já são claramente de campanha eleitoral, pelo que podemos assumir que será ela a candidata. E o que tem dito a Dra. Elisa Ferreira? Tomando como exemplo a entrevista ao jornal Público do passado dia 24 de Março, uma das ideias principais é que o Porto “tem vindo a perder dinâmica” e que “está particularmente debilitado”. Sendo inegável a perca de toda a região Norte, em relação a todas as outras regiões do País, convém recordar que não é um fenómeno que se confina aos últimos anos. É algo que tem razões estruturais, e que podemos encontrar o seu ponto de partida nos finais da década de oitenta e princípios da de noventa.
Mas nesta fase, mais importante é analisar soluções para o futuro. Nos últimos tempos, uma das soluções mais faladas prende-se com o futuro modelo de gestão do Aeroporto Francisco Sá Carneiro (ASC). É muito difícil encontrar algum tema que tenha gerado tanto consenso, entre várias entidades (públicas e privadas) e os cidadãos. O que está em causa é se a gestão do ASC deve ser autonomizada dos restantes aeroportos nacionais, permitindo que o enorme investimento efectuado nessa infra-estrutura (mais de 400 milhões de euros) possa ser efectivamente colocado ao serviço do desenvolvimento da região Norte. É notório que o actual governo discorda em absoluto da ideia de gestão autónoma do ASC. No entanto, como não o assume abertamente, o governo tem criado um conjunto de manobras dilatórias. A primeira, foi repto público lançado pelo Primeiro-Ministro, de que se houvesse alguma proposta credível, o Governo analisaria e tomaria uma decisão. O Primeiro-Ministro, convencido de que tudo não passaria de discurso sem conteúdo (ou seja, bluff) decidiu “elevar a aposta”. O problema é que apareceu uma proposta, liderada pelo Sonae, em parceria com a Soares da Costa e outros parceiros internacionais. Essa proposta, de uma entidade credível, deveria ser levada muito sério pelo Governo. Qual a resposta? A publicação de um “estudo”, realizado pela ANA, em que se pretende demonstrar que a gestão autónoma do ASC implicaria graves prejuízos para os utilizadores daquela infra-estrutura e seria economicamente inviável. Do que se conhece desse “estudo técnico”, via comunicação social, é que alguns dos principais argumentos são meras caricaturas. A principal é impor uma taxa de rentabilidade de 10%, para que o Estado pondere a sua privatização. Nenhum grande projecto nacional (aeroporto de Lisboa, TGV, auto-estradas) resistiria a esse teste. Mas a publicação de notícias periódicas sobre este “estudo”, revelam bem que o Governo não está de boa-fé em todo este processo.
Perante este quadro, qual a opinião da Dra. Elisa Ferreira? O que pensa a Dra. Elisa Ferreira, sobre a questão do ASC? Concorda com a Junta Metropolitana do Porto (JMP), a Associação Empresarial do Porto (AEP), a Associação Comercial do Porto (ACP), e muitas outras entidades, que querem uma gestão autónoma do ASC e ao serviço dos interesses da região Norte? Ou perfilha da opinião do Governo, que pretende manter a gestão de todos os aeroportos dentro da mesma empresa (ANA)? Não nos podemos esquecer que o novo aeroporto de Lisboa irá representar 90% da capacidade de investimento dessa empresa, pelo há o enorme risco e probabilidade de a gestão do ASC ser subjugada à rentabilização desse novo aeroporto. Sendo a Prof. Dra. Elisa Ferreira tão pródiga e cheia de convicções nos diagnósticos, deveria também o ser na defesa das políticas concretas do que considera melhor para o Porto.
Uma nota final, para os mais incautos. No próximo dia 8 de Outubro, a JMP e as associações empresarias irão realizar uma sessão pública sobre o ASC no Europarque. O PS, demonstrando que coloca os interesses partidários acima dos interesses regionais, anda com a ideia de ter no mesmo dia uma iniciativa, para promover um “amplo debate” sobre o mesmo tema. Ou seja, pretende dividir, para roubar impacto a esta iniciática, que considera hostil ao Governo. Uma sugestão: não seria mais útil para o Porto, e para toda a região Norte, unir esforços? E, já agora, a Prof. Elisa Ferreira irá estar presente no Europarque no próximo dia 8?
Luís Moreira Fernandes
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Jantar / Debate "O estado da Educação em Portugal"
Hora: 20h15m
Local: restaurante SABOR LATINO ( Churrasqueira do Campo Lindo)
Agenda:
Tema do debate : O estado da Educação em Portugal
Orador Convidado: Dr. João Dias da Silva
- Presidente da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE)
- Presidente da UGT
20h - Jantar
21h - Introdução ao Debate - Engº Carlos Brito
21h15m - Intervenção do Dr. João Dias da Silva
22h - Debate
Duração do Debate -2horas.
Confirmações para o jantar até ao dia 7 de Outubro.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Jantar/Debate - Tema: "CULTURA"
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INTERVENÇÕES
Carlos Brito
Abriu o debate, introduzindo a origem do termo “Cultura”, associado na época ao cultivo dos solos, como ainda hoje o termo é descrito no famoso Dicionário Larousse.
Passou depois a uma perspectiva política do termo, contrariando a ideia que a Cultura se associa a movimentos políticos de esquerda. “A Cultura não é pertença da esquerda! Não!”, acrescentando ainda que para alguns, interessa-lhes passar a ideia que “os Homens de direita não são sensíveis à cultura, como não são sensíveis à liberdade”. Classificou este pensamento viciado de preconceituoso e falso. “São estigmas que a esquerda criou na sociedade e que devemos combater!”
Terminou a intervenção, classificando “Cultura” como a resposta que cada grupo humano dá a cada desafio que se lhe apresenta e julgando a vida cultural como a base do desenvolvimento dos meios urbanos, fonte de atracção de investimento e de competitividade.
Maestro Ferreira Lobo
Identificou-se como natural de Chaves, para lembrar a interioridade dos Distritos distantes dos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto, onde a Cultura, no seu entender, não chega.
Criticou a Política Cultural instituída pelo actual Governo Socialista, dirigida para restritos e específicos núcleos sociais. Acrescentou que a Cultura dirigida a pequenas “elites” se torna inútil, pois não corresponde ao seu desígnio que é proporcionar o desenvolvimento e a qualidade de vida das populações.
Falou da Orquestra do Norte, que dirige, e das três premissas que entende que devem estar associadas a qualquer entidade de produção cultural:
- Função Económica – só realizável através de uma abertura generalizada à população, ao contrário do que actualmente acontece;
- Função Educacional – recordou eventos de organização e participação da Orquestra do Norte dirigidos a públicos infantis e juvenis e ao meio académico, como são os “Concertos Promenade”;
- Função Lazer – caracterizou de “muito interessantes” e “motivadoras”, as manifestações de interesse que os vários públicos, de diferentes faixas etárias e raízes sociais, demonstram pelo trabalho da Orquestra do Norte.
Realçou a importância das autarquias na promoção e divulgação cultural, mas identifica, também a este nível, muita falta de vontade política, com graves carências de responsabilidade, apesar de reconhecer melhorias pontuais na relação com os agentes culturais.
Jorge Trabuco
Criticou a “elitização” da Cultura também do ponto de vista de que a produz: “Os homens da Cultura julgam-se intelectualmente superiores, mas não são!”
Adianta, a exemplo, que a Casa da Música, “paga por todos nós” é um “palco de cultura de elites”. Reconhece, contudo, Serralves, como um espaço muito mais popular, aberto a todos que lá quiserem ir.
“Emociono-me a ouvir fado, sem que nunca que tenham ensinado a ouvi-lo”, concluiu.
Paulo Morais
Numa curta intervenção, questionou o Maestro e a plateia com a dicotomia música popular / música erudita, julgando que a este propósito, vence o preconceito, e que a diferença entre as duas reside exclusivamente no seu intérprete, de circunstância.
Moreira da Silva
Lamentou a falta de sensibilidade cultural dos “nossos governantes”, incluindo, Presidentes de Câmara, Vereadores, todos…
Enalteceu a música, “sublime” na sua história, e apelidou de “imbecis” os políticos que “correm com os melhores, os génios da música”, para homenagear o maestro e compositor italiano Ângelo Fasciolo, com quem privou no Coro da Lapa.
Luis Artur
Questionou também a dicotomia da chamada “Cultura Popular” e de uma Cultura chmada de mais “Erudita”.
Referiu-se ao financiamento público da cultura, e a forma de acesso a actos culturais dos cidadãos. Referiu e questionou o financiamento de uma determinada forma de estar, nomeadamente o de uma cultura sem público.
Referiu-se ao Rivoli, como um acto de coragem e de boa gestão dos dinheiros públicos, feita pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal do Porto, e como um exemplo a seguir nesta matéria.
Por último fez um balanço dos primeiros cinco meses do Porto Laranja, dizendo que tem sido uma “Pedrada no Charco”, no debate político do PSD do Porto.
Referiu que as actividades iriam ser suspensas durante as férias e recomeçariam em Setembro.
Rui Oliveira
Criticou a actual política de subsídios para a Cultura, protagonizada e instituída pela ex-ministra socialista Pires de Lima que, no seu entender, defende as “suas capelinhas”.
Recordou também a sua experiência pessoal como membro do Coro da Lapa.
Isabel Pinho
Afirmou a disponibilidade do meio académico para ouvir diferentes estilos musicais. “Há tempo para tudo”, afirmou, para lembrar os estudantes do superior que frequentam, em simultâneo (!), as noites da queima e os concertos promenade.
Já em relação a gerações mais novas, lamentou os resultados da sua experiência como professora de música: “As crianças não de gostam de música, tanto quanto eu esperava”.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Jantar Debate "Que Social Democracia para o Século XXI, em Portugal e que posicionamento para o PSD?"
Este debate, mais uma vez bastante participado, foi aberto por Luis Artur, que lembrou os “tempos” de fundação do PSD, e desafiou os dois oradores e os restantes participantes a posicionarem os valores do que deve ser a Social Democracia e o PSD neste século, tendo em o Reformismo.
Carlos Brito
Que Social-democracia para o Século XXI?
Desde logo uma reserva. Ninguém nesta sala certamente vai estar vivo no fim do século. Ninguém vive no longo prazo, dizia Keynes. E, no entanto, interrogamo-nos aqui e agora qual a social-democracia adequada para todo um século.
Acreditamos que estamos, neste tempo que passa, a decidir o que vai ser 2050 e a preparar o que vai ser 2100. A lembrar uma passagem do Talmud: “não se é judeu porque o seu pai o é ou sua mãe o é, mas porque os seus filhos o serão”.
Também acreditamos que as forças do mercado assumiram a liderança do planeta.
E o que farão estas forças do mercado? Destruirão os estados? Criarão a fortuna e a miséria? Hipotecarão a natureza? Privatizarão as forças armadas, a polícia, e a justiça? O Homem tornar-se-á um artefacto e desaparecerá por isso?
Mas, se a globalização for interrompida com violência e subitamente, recriar-se-á uma sucessão de barbáries e de batalhas devastadoras, utilizando-se armas impensáveis? Estados, grupos religiosos, entidades terroristas e piratas privados envolver-se-ão num conflito final e o Homem desaparecerá?
E não será possível conter a globalização sem a recusar, circunscrever o mercado sem o abolir, instituir a democracia em todo planeta sem a desvirtuar, acabar com o domínio de um império sobre o resto do mundo? E ver surgir um novo horizonte de liberdade, responsabilidade, dignidade, superação e respeito pelo outro?
Como fazer? Não será a social-democracia a metodologia adequada e necessária para este desiderato tão difícil, quase impossível?
Lembremo-nos de que só vale a pena tentar o impossível.
Em especial, neste tempo que passa, numa crise global com sintomas simultâneos financeiros, económicos, monetários, alimentares, energéticos e ecológicos. Crise de que não se conhece a amplitude e que faz perpassar por nós os espectros da depressão de 1929,do choque petrolífero de 1973 ou dos limites de crescimento do Clube de Roma. Crise que gera juízos pessimistas de ruptura total da sociedade, de capitalismo em vias de desaparição, de auto-destruição do sistema actual e do seu funcionamento.
Não será de lembrar Edmond Burke que dizia que, quando via os amigos todos do mesmo lado da embarcação, se colocava do outro lado para a não deixar adornar, tentando equilibrá-la?
Esta embarcação onde viajamos no espaço, a Terra, adorna por vezes face a fanatismos adoptados, autênticas religiões imanentes, a substituírem as transcendentes. Divinizamos facilmente aquilo que nos parece ser a solução de todos os nossos males e a promessa de abundância sem limites. Ontem, o divino Estado; hoje, o divino mercado. E nem um nem outro foram capazes das nossas esperanças. E nem um nem outro deixaram de ter perversões fatais. Quiçá não evitaram minimamente a desadaptação a novas circunstâncias, o seu anacronismo e a sua obsolescência.
Mas a palavra crise é representada em chinês por dois símbolos: ameaça e oportunidade A ameaça já a configurámos. Falta a oportunidade. Voltemos à nossa crença inicial: as forças de mercado assumiram a liderança do planeta.
Tudo nasce de uma antiga convicção religiosa: os homens podem ser salvos também pelos seus vícios (inveja e ganância, por exemplo), uma vez que esses vícios contribuam para o bem comum. Vícios privados fazem a virtude pública. Rapidamente se passou dos limites das religiões transcendentais, os mandamentos – não matarás – para novos mandamentos de incitamento – deves dar largas ao teu prazer, deves realizar as tuas paixões privadas. O mercado assume-se como divino: pretende ser omnipotente – satisfaz todos os prazeres, todas as paixões – e apresenta-se como o lugar da verdade. E, no entanto, a sua alegada capacidade de produção infinita de riqueza começa a ser contraposta pela economia do vivo, a Terra é finita e as reservas naturais são limitadas. As actuais crises aí estão a demonstrá-lo. A fazer descer das nuvens do virtual, do especulativo, lato senso, para a realidade. A lembrar os frades da Idade Média: pés na Terra e cabeça no Céu.
O que é interessante referir é que o celebrado Maio de 68 com os seus slogans, “é proibido proibir”, “gozem sem barreiras” e “realizai os vossos desejos” querendo destruir o velho capitalismo acabou por fundamentar a ideologia do anarco-capitalismo ultraliberal. As partidas que a História faz aos homens: os resultados foram exactamente os contrários aos objectivos visados.
Não está em causa que o mercado seja um modo de troca entre os homens, instituído desde os princípios dos tempos, mas não pode divinizar-se, tornando tudo objecto de mercado e criando o hiperconsumo como doutrina. É preciso estabelecer os seus limites, seja na produção de riqueza, pois os recursos são finitos, seja na satisfação de todos os interesses privados. O mercado não pode esmagar as outra “economias”, a simbólica, a psíquica, a política, a semiótica.
Vamos candidamente acreditar na auto-regeneração? Ou preferiremos encontrar quem se lhe vai opor, o seu contrário?
Não será o Estado republicano, naquela relação de amor e ódio que constitui o binómio Estado/mercado?
Ambos em ciclos de crise e de pujança, causados por esta relação, que vão mostrando as respectivas fragilidades. O mercado em 1929, a planificação centralizada na queda do muro de Berlim.
Mais recentemente, o Estado moderno entrou em crise. A progressiva debilitação económica, os altos níveis de desemprego, as cargas fiscais elevadas, os impostos sobre o consumo, particularmente agressivos para rendimentos médios e baixos, o esvaziamento de poderes de intervenção macroeconómica, a competição comercial cada vez mais forte, o esgotamento das soluções keynesianas, o colapso do modelo social-democrata de Bad Godsberg. Que lista!
O Estado já não tem o papel representativo e a função operacional pela via da administração que teve no seu apogeu. O Estado já não pode ser, a um tempo, redistribuidor, regulador, desenvolvimentista e estratega, mas a competitividade de um país não se mede só pela redução das despesas públicas. A estabilidade das instituições, a qualidade das infra estruturas, as políticas de saúde e de educação, as despesas com investigação e desenvolvimento em paralelo com o custo do trabalho e a flexibilidade constituem factores decisivos para aquela competitividade. Aliás, o retorno dos poderes públicos ultrapassa o quadro da economia. O ambiente, a água e a saúde tornaram-se “bens públicos mundiais”, que não podem ser deixados somente às forças do mercado.
Surge agora uma visão de Estado garantidor, activador e regulador. É nela que se pode alicerçar a procura de um novo equilíbrio Estado/mercado, num processo recorrente.
Das tarefas do Estado de combate à doença, à ignorância, à necessidade, à miséria e à ociosidade, de Beveridge, à promoção da saúde activa, à possibilidade de acesso todos aos mais altos níveis de educação, à promoção da autonomia e da responsabilidade, à prosperidade para todos, ao apoio às iniciativas, de Anthony Giddens. Sem embargo de manter princípios de solidariedade: níveis elevados de descontos, protecção social robusta, de base universal, com discriminação positiva para os mais desfavorecidos, e preocupação de limitação das desigualdades.
Chegados aqui, lembremos Jorge Semprún. Para além do reformismo político é preciso realizar o reformismo económico, o que quer dizer, “ a assunção do mercado tanto nos seus aspectos positivos como negativos: aproveitar as vantagens e atenuar os inconvenientes, sendo certo que o “económico” é a condição sine qua non do “social”.
Que bela apresentação da Social-Democracia!
Partindo dos valores de liberdade, justiça e solidariedade e da sua imprescindível e íntima conexão, a social-democracia constitui mais uma metodologia do que uma ideologia. Ainda que a ideologia ofereça um quadro de compreensão, uma mediação entre a ideia e a política, uma vulgata da filosofia, tem alguma dificuldade em funcionar. É esta a causa principal do divórcio entre os cidadãos e a política. Reconheçamos a social-democracia como uma metodologia de procura incessante e permanente de equilíbrios entre liberalismo e socialismo, entre mercado e Estado, assumindo as contradições e rejeitando os extremismos. Oscilando subtilmente entre mais Estado e menos mercado e menos Estado e mais mercado. Sobretudo, contrapondo-se ao actual individualismo igualitário e ao não menos actual politicamente correcto, que poderão por em causa as sociedades livres.
Reconhece o erro do liberalismo de supor que liberdade e justiça podem ser criadas e defendidas na sociedade de gritante desigualdade e de luta de todos contra todos, sem uma solidariedade abrangendo toda a sociedade. Reconhece o erro do conservadorismo, que pensa poder existir solidariedade verdadeira entre ricos e pobres, poderosos e impotentes, sabedores e tutelados e que se pode assegurar a liberdade económica, social e cultural a uma minoria.
Reconhece o erro dos românticos autoritários crerem que uma ordem livre e justa seria possível, sem o reconhecimento consciente e penhorante de deveres sociais e da solidariedade e só o resultado necessário da liberdade individual ilimitada.
Reconhece o erro dos movimentos comunistas marxistas-leninistas que crêem numa igualdade sem liberdade e que a solidariedade pode ser imposta.
Reconhece o erro do fascismo que crê ser possível criar uma comunidade nacional solidária com base na desigualdade de princípio entre os homens e sem a liberdade de cada um.
Alinhei ideias e reflexões, trouxe provocações, respiguei textos, para um debate que se seguirá e, esse sim, será verdadeiramente enriquecedor. Mas não gostaria de acabar sem trazer a poesia até nós. Um poema de Lord Byron traduzido
“Ai de nós! Tudo é ilusão:
O futuro engana-nos de longe,
Não podemos ser aquilo que recordamos,
Nem ousar ver-nos como somos.”
Porto, Maio de 2008
Fernando Bravo
(Resumo da intervenção, texto integral a ser publicado oportunamente).
Destacou na sua apresentação as linhas ideológicas presentes na fundação do Partido Social Democrata em 6 de Maio de 1974, por Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e Joaquim Magalhães Mota sob o nome Partido Popular Democrático: Católica/Social, Social/Liberal e Tecnocratica/Social.
Recordou que a primeira divisão interna no Partido deu-se a 8 de Maio de 1974, logo 2 dias após a fundação, quando Sá Carneiro apresentou as linhas programáticas a Barbosa de Melo, consideradas por este “liberais” e não “social-democratas” como seriam, para si, suposto serem. Confrontava-se então uma perspectiva da economia ao serviço dos homens com outra bastante mais estatizada. Perdeu então o denominado “social-liberalismo” para uma linha mais “social-democrata”, sem dúvida mais próxima do marxismo. Fernando Bravo recordou a liderança de Emídio Guerreiro como o período em que o PSD se posiciona mais à esquerda no espectro político português.
Sá Carneiro regressaria então para vencer as legislativas de 1979 em coligação com o CDS e o PPM. Viveu-se então um clima de maior estabilidade, desenvolvimento e autoridade.
Recordou a participação no governo do Bloco Central, PSD e PS, e considerou-a o início do período menos ideológico do Partido.
Caracterizou os governos de Cavaco Silva pela autoridade e liberalização económica.
Referiu-se aos períodos de novas coligações eleitorais protagonizadas pelas lideranças de Marcelo Rebelo de Sousa e Durão Barroso.
Revela sentir hoje o PSD mais pragmático que ideológico, mais preocupado em recuperar o poder do que em respeitar a ideologia que o fundou.
Entende que futuro do Partido Social Democrata deverá assentar em 3 linhas fundamentais: liberdade, igualdade e democracia plena (com limitação de mandatos e rotação do poder).
Defende o retorno do cariz reformista como base de planeamento da execução do poder, através de reformas parcelares que permitam a melhoria da organização sem a pôr em causa. “Algum conservadorismo protege o presente”, acrescenta.
Os objectivos do estado devem, no seu entender, passar por promover a capacidade de realização individual de cada um, alcançando os anseios, desígnios e a felicidade, por assegurar a dignidade da pessoa humana, aliviando o seu sofrimento e por assegurar a igualdade de oportunidades “à partida”.
Defende, em suma, um Estado regulador, interventor e reformista da sociedade… “tão pequeno quanto possível, tão grande quanto necessário”.
Paulo Morais
Citou Sá Caneiro para defender um modelo de “menos estado, melhor estado”, que, na sua opinião, deve ser bandeira prioritária e assumida pelo Partido Social Democrata na actualidade.
Fez um sumário do que lhe realça a actuação do Governo Socialista, com enfoque para a propaganda. O próprio estilo de liderança antipática e arrogante adoptado pelo Eng. José Sócrates, típico dos políticos “de direita”, fá-lo parecer competente, mesmo sem o ser, realçou.
António Tavares
Lamentou que do Partido Social Democrata tenha há muito tempo “esquecido” a matriz reformista presente na sua fundação e que esta tenha sido oportunamente adoptada pelo Partido Socialista. Recordou ainda que as vontades expressas do PSD em alterar a actual Constituição não são novas mas, pelo contrário, constituem um objectivo sempre presente na história do Partido, direcção após direcção.
Realçou a necessidade do PSD definir uma orientação política claramente distinta do Partido Socialista e que esta seja bem perceptível pelos Portugueses. Questiona: Qual o modelo de financiamento que o PSD defende para a Saúde e para a Educação? Que Política Fiscal defende o PSD? Como orientação estratégica, defende uma Economia de Mercado ou uma Sociedade de Mercado?
Luís Rocha
Denota uma clivagem grande entre o Partido Social Democrata e os Portugueses, mesmo com aqueles que potencialmente são seus votantes.
Destaca como virtude do PSD, o interclassismo que sempre o caracterizou e que, no seu entender, não se pode perder, mas realça as diferenças de opinião que daí advêm, em concreto o confronto entre sensibilidades estatistas (ou elitistas) dominantes nos meios urbanos e as sensibilidades anti-estatistas (ou basistas) mais presentes nos meios rurais.
Do seu ponto de vista o problema da clivagem no Partido deve-se à crise de liderança que o afecta desde 1995 e só será ultrapassado com a eleição de um líder forte, à imagem do que foram Francisco Sá Carneiro e Aníbal Cavaco Silva, acrescenta.
Luís Proença
Sublinhou o pragmatismo que, no seu entender, domina a actuação política do Partido Social Democrata na actualidade, em desfavor da ideologia ou ideologias presentes na sua fundação. Defende que um PSD mais “popular” junto da sua base de militantes significa um PSD mais apreciado pelos Portugueses.
Destacou a ambiguidade dos conceitos Direita e Esquerda no presente e reclamou a necessidade do PSD encontrar soluções rápidas e capazes de orientar Portugal no caminho do crescimento económico. Criticou a Política Económica do Partido Socialista, nomeadamente a obsessão estatista e centralista pela redução do défice orçamental, em desfavor das condições de vida da população e das empresas, sobrecarregadas de contribuições fiscais.
Luis Artur
Defendeu que o espaço político do PSD é o da construção de uma social democracia portuguesa. Lembrou uma afirmação de Francisco Sá Carneiro : “ Não somos rurais, nem somos urbanos, não somos socialistas, nem somos liberais, somos todos sociais democratas”, para expressar que o PSD sempre soube ser um partido diferente, de forte adesão popular, interclassista e que sempre soube interpretar as mais fortes convicções do povo. Afirmou que o PSD, nunca foi um partido trabalhista, mas sempre foi um partido de trabalhadores, e simultâneamente de empresários, profissionais liberais, comerciantes, industriais e por isso sempre foi mais fácil o diálogo social com o PSD.
Luis Artur, diz que uma das mais fortes vertentes do PSD, é a sua matriz social, e está contra certos aprofundamentos de natureza liberal, manifestando-se no entanto aberto a que o PSD junte aos seus valores históricos sociais democratas, novos valores geracionais, ambientais, sendo o mais forte o direito à felicidade, aprofundando a sua vertente reformista, lembrando a propósito a velha formulação do pai da social democracia europeia “ A própria essência da modernidade é o movimento mais a incerteza”.
Luis Fernandes
Defendeu uma visão mais liberal para o PSD, nomeadamente em termos económicos, defendendendo uma menor intervenção do Estado, que se deve limitar às chamadas funções clássicas de soberania.
Defendeu um PSD inconformista e reformista, na defesa de políticas personalistas, e que conduzam ao valor mais alto, o da Felicidade, do individuo.
Moreira Silva
Disse que o PSD tem que voltar a ser um partido reformista, e que preferia abordar as eleições para a liderança do PSD.
Defendeu fortemente a candidatura de Pedro Passos Coelho, como uma candidatura arejada, de ideias novas, geracional e que era a única que poderia levar o PSD à vitória, nas próximas eleições legislativas.
Jantar Debate - TEMA: Cultura
Data: 1 de Junho de 2008 (Terça-Feira
Hora: 20h15m
Local: restaurante SABOR LATINO ( Churrasqueira do Campo Lindo),
Agenda:
Tema do debate : Cultura
Uma Visão popular? Valor de um povo? Uma visão Erudita? Uma visão Económica? Património? Visão de esquerda? Visão de direita? Etc.
Duração do debate 2 horas;
Às 23H 15 M - Silêncio, que se vai cantar o Fado. Actuação (Surpresa) de um grupo académico, que cantarão alguns de Fados de Coimbra.
Prêço do Jantar – 10 Euros.
Temos que ter as confirmações para o jantar até ao dia 27 de Junho.
Um abraço
Luis Artur
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Análise de Resultados
A Drª Manuela Ferreira Leite, é a vencedora das eleições para líder do PSD, e merece os nossos parabéns e apoio enquanto Presidente do partido, de todos nós. O Fundamental agora, será o empenho que temos que ter para ganhar as próximas eleições legislativas, por Portugal e pelos portugueses.
O Dr. Rui Rio é o grande vencedor político, no Porto, concelho e distrito, tendo demonstrado enorme capacidade e sagacidade política, e um espírito de liderança política que os militantes reconheceram. Dou-lhe os parabéns não só pela vitória em si, mas sobretudo pelo que ela representa, para o futuro do PSD aos diversos níveis.
Tivemos enquanto grupo, nestas eleições directas para líder do PSD e delegados ao XXXI Congresso Nacional, uma participação activa. Decidimos que a opção na eleição para líder do PSD, seria individual, de total liberdade e responsabilidade. Assim foi.
Apresentamos uma lista de candidatos a delegados ao XXXI Congresso Nacional, movendo-nos um objectivo de incentivar a participação e o debate, e assumindo a discussão de ideias, consubstancidas no documento de reflexão com questões aos quatro candidatos a líder e com as duas propostas temáticas que pretendemos apresentar ao congresso.
Este não era um cenário favorável, pois enfrentavamos candidatos, que tinham por trás o apoio expresso das candidaturas a líder, que no caso da lista B era mesmo apoiada por duas candidaturas.
Não era também fácil enfrentar uma lista encabeçada pelo Dr. Rui Rio, o grande vencedor político destas eleições.
Cumprimos no entanto os nossos objectivos, de participação e de mais uma vez contribuirmos para o debate, e só por isso, já foi importante a nossa intervenção.
Demonstramos com a nossa votação, que estamos a fixar eleitorado e que temos todo o espaço para crescer. Havia quem apostasse que não ultrapassariamos os 70/80 votos e que a eleger um delegado seria por uma pequena margem . O que aconteceu é que nos faltaram 32 votos para eleger o 2º delegado ( foi pena...).
Vamos continuar a trabalhar como até aqui, com os nossos debates e reflexões, incentivando a participação dos militantes. Este é o caminho que temos de continuar a trilhar.
Agradeço a todos os companheiros, que votaram na lista R. Estejam certos, que vão continuar a contar com o nosso empenho e trabalho, na defesa de uma maior participação no PSD do Porto.
Já demonstramos que “o futuro vai ter de contar connosco”.
Luis Artur
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Moção “Desemprego – Um problema Social Grave”
O desemprego no nosso país é hoje o problema social mais grave e está a crescer de forma rápida e contínua, sendo também uma das causas mais importantes do crescimento da pobreza.
A capacidade produtiva tem-se vindo a degradar, em que o fecho de inúmeras empresas industriais, é prova disso, sem a consequente compensação pela criação de novas empresas, com postos de trabalho que cubram os “destruídos”.
Portugal tem já hoje a quarta taxa de desemprego mais elevada da União Europeia a 27, ultrapassando já o meio milhão de desempregados e uma taxa corrigida de desempego de cerca de 9,5%.
O desemprego afecta hoje todos os sectores de actividade económica, estimando-se que cerca de 250.000 pessoas desempregadas são oriundas do sector industrial, enquanto que um n.º ainda superior a 200.000 procuram emprego na área dos serviços.
O desemprego afecta essencialmente dois níveis etários de forma grave e com consequências para o futuro do país em termos económicos e sociais:
Jovens licenciados e qualificados, cuja taxa é superior à taxa média de desemprego, que representando um desemprego qualificado, e que não conseguindo o tão almejado posto de trabalho, em Portugal, seguem a única saída possível, ou seja encontrar emprego noutros Países. Estamos a assistir a uma fuga de jovens quadros, que terá reflexo evidente no crescimento económico futuro. São cerca de 60.000 os licenciados (principalmente com formação nas áreas das ciências sociais) à procura do 1º emprego;
Portugueses, já com longa experiência no mercado de trabalho, que por fecho das empresas, ou racionalização de actividades, estão no desemprego em idades ( 45 a 55 anos), em que muito dificilmente voltarão a reentrar no mercado de trabalho, sendo por isso um problema social muito grave, e que está na origem do crescimento da pobreza.
Note-se que no último ano a taxa de desemprego de longa duração, cresceu cerca de 40%, registando –se mesmo para o desemprego com mais de 25 meses, um crescimento na ordem dos 70%.
O desemprego e a sua evolução tem-se vindo a manifestar ainda de uma forma mais gravosa na Região Norte, com uma taxa de desemprego acima da média nacional, e sendo esta Região a mais jovem da Europa, o desemprego juvenil e qualificado, de cerca 16%, é extremamente gravoso.
Torna-se evidente também as dificuldades que o mercado de trabalho evidencia , nomeadamente :
Cerca de 20% da população empregada tem contrato a termo certo, 5% acima da média europeia;
896.000 pessoas trabalham sob regime de prestação de serviços, a “recibo verde”. “É a já chamada geração dos recibos verdes a 500€”;
Situações crescentes de licenciados empregados em hipermercados e call center’s, estes a auferir rendimentos de 2,5€ / hora;
Evolução da procura, por parte de licenciados pelo regime de “Trabalho Temporário” – ainda muito associado a trabalhos não especializados. Dados apontam que actualmente 80% dos CV’s em resposta a trabalho temporários sejam de desempregados com formação académica superior.
As causas
Várias são as causas, para se ter chegado a esta situação, podendo-se na minha perspectiva salientar:
Um tecido com carências profundas na formação de Gestão que, associadas à fraca autonomia financeira das PME’s que dirigem, ditam insucessos empresariais;
Universidades, onde se verificou a redução do número de anos dos cursos superiores, a par, muitas vezes da qualidade de ensino e da fraca exigência que se agrava há vários anos;
Sistema Financeiro que tem absorvido parte da riqueza produzida;
Autarquias que ao longo dos anos foram “desinvestindo” cada vez mais no aparelho produtivo local, fábricas e espaços industriais, já que as suas receitas derivam com grande peso do sector da construção imobiliária. Assiste-se assim à desindustrialização progressiva do país;
Externalidades, com as infra-estruturas da Região mais estratégicas para o seu desenvolvimento económico que têm sofrido uma asfixia centralista do Governo Socialista, com a visão dos modelos de gestão integrados e centralistas em prejuizo das próprias estruturas e da região. ( veja-se no caso da Região Norte, os exemplos da Aeroporto Francisco Sá Carneiro e do Porto de Leixões)
O aumento dos preços da água e da energia (principalmente dos combustíveis) são factores de agravamento dos custos das empresas, nomeadamente em relação a Espanha e que têm ajudado a reduzir a competitividade e se tornam inibidores do investimento, crescimento económico e, por conseguinte, da criação de emprego.
A queda acentuada da taxa de poupança, que dificulta o investimento. O país tem forçosamente que inverter rapidamente esta situação, para voltar a ter um investimento sustentado.
Custos de contexto elevados, que são uma barreira ao investimento, nomeadamente ao investimento estrangeiro, como é o nosso sistema fiscal, demasiado burocrático e complexo e a situação da Justiça demasiado lenta e que não consegue responder ao “ tráfico jurídico. “
O que fazer
A grande prioridade da economia portuguesa deverá ser o relançamento do crescimento económico, que é um dos problemas estruturais da economia portuguesa, conjuntamente com o déficit da nossa balança comercial. As taxas de crescimento económico reais nos últimos quarenta anos têm seguido sempre uma trajectória descendente, dos cerca de 7,5% nos anos 60 e 70, aos 3,7% nos anos 80 e 2,6% nos anos 90, para o mísero crescimento dos dias de hoje, pouco mais de 1% ao ano. Por outro lado o déficit da balança de transacções correntes é hoje de cerca de 10% do PIB, sendo o déficit da balança comercial, já na ordem dos 12% do PIB, com todos os reflexos que tal terá nas futuras gerações.
Para relançar o crescimento económico de forma sustentada, e que crie emprego, é absolutamente essencial ultrapassar os estrangulamentos estruturais da economia portuguesa, lançando um conjunto de políticas algumas conjunturais e de curto prazo, tendo em conta o efeito de pobreza em que muitos portugueses vivem, e outras estruturais e estratégicas de médio prazo.
Um grande desígnio nacional - Exportar
Um crescimento acelerado, tem que ter por base, um “desígnio nacional”, as Exportações.
O Estado deve estimular as empresas exportadoras, criar condições para levar novas empresas a exportar, ou seja tendo por base o nosso tecido industrial de PMEs, há que ajudar na criação de condições fisicas e de gestão, e sobretudo através de linhas de crédito, Plafonds, etc na melhoria do Fundo de Maneio, que é o principal factor de inibição à exportação nas PMEs.
Reformar a Justiça
A resolução dos problemas da Justiça (àrea em que demasiada burocracia consome demasiados recursos, sem resultados) é nuclear para o desenvolvimento de Portugal, Sem resolvermos os problemas da Justiça, não teremos um crescimento económico sustentado no médio longo prazo.
Uma justiça mais rápida e eficaz é fundamental para a captação de investimento estrangeiro, devendo-se simplificar todo o processo de constituição de empresas, acelarar as condicionantes dos processos de falência e “julgar” em tempo útil.
Redução de Impostos
É necessário reformar o sistema fiscal, tornando-o mais simples e menos burocrático.
É forçoso em conjunto com a redução da despesa pública primária, a redução da carga fiscal, nomeadamente do IRC e do IVA, caminhando para uma harmonização fiscal com Espanha.
Medidas de Emergência no curto prazo
Vivendo o País um quadro de emergência social e sabendo que as políticas acima, não produzirão efeitos imediatos, mas sim sustentadamente no médio e longo prazo, como Sociais Democratas, deveremos defender medidas excepcionais, de ataque à pobreza e que minorem os sacrifícios e estado de desespero dos nossos concidadãos no desemprego.
Assim, é forçoso e de imediato concretizar um programa nacional, que envolva as Autarquias Locais, as Instituições de Solidariedade Social, Empresas ( mecenas) e o Estado central, que intervenha em rede social, nos seguintes eixos: Iniciativas de Emprego, Qualificação, apoio às Famílias carenciadas, família /Escola, satisfação de necessidades básicas, novo projecto de vida, parcerias de desenvolvimento local e social.
Revisão dos critérios de atribuição do subsidio de desemprego e do subsidio social de desemprego, alargando a base da sua atribuição, nesta situação de emergência social.
O XXXI Congresso nacional do PSD, reclama em conformidade com o exposto, do governo socialista,um programa social de emergência, de combate à pobreza e apoio aos desempregados.
É urgente “mudar de vida” e apostar decisivamente no crescimento económico, que seja sustentado, com um enquadramento claro, por parte do Estado, e que propicie às Empresas, nomeadamente às PMEs, concretizar um desígnio nacional – Exportar.
Face à incapacidade do actual governo, o PSD é de novo a esperança dos Portugueses, para em 2009 vencer as eleições e fazer crescer a economia na próxima decada, e promover assim políticas de desenvolvimento económico e social.
Luis Artur Ribeiro Pereira