segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A crise financeira

Pertinente e actual o texto abaixo que nos foi enviado por e-mail pelo nosso Companheiro Luís Correia:
O mercado de crédito hipotecário de alto risco, o “subprime”, está na base da actual crise financeira e já provocou perdas significativas em todo o Mundo, marcando o fim duma época caracterizada por crédito acessível e barato. A escalada da crise no sector financeiro desde o Verão veio piorar o cenário macroeconómico.

Durante muitos anos o sector financeiro foi um dos motores de desenvolvimento dos países. Tomando como base o país “epicentro da crise”, os EUA, o peso do sistema bancário no PIB passou de 5%, nos anos 80 do século passado, para cerca de 20%, na
actualidade. Um outro país, a Islândia, encontra-se à beira da bancarrota, devido ao peso que a banca representa no pequeno país do norte da Europa.

O que trará o fim do dinheiro barato e acessível? Menores taxas de crescimento no futuro. As empresas e famílias terão de obter, cada vez mais, financiamento na sua própria actividade e nas poupanças.

A nossa economia, como é sabido, é aberta ao estrangeiro e possui um elevado grau de relacionamento com países que se encontram vulneráveis à crise do crédito. Está previsto para Portugal, para o ano de 2009, uma taxa de crescimento nula. Em Espanha, Irlanda, Itália e Inglaterra as estimativas apontam para crescimento abaixo de zero. Aliado a este facto verificamos que os níveis de endividamento das empresas e das famílias portuguesas se situam em níveis demasiado altos.

Nas últimas semanas assistimos a algumas reuniões entre chefes de estado. As quatro
principais economias europeias, pertencentes ao G8, reuniram-se de forma a resolver os problemas para a crise. Espanha, Itália e outros países têm vindo a público dar um sinal de esperança aos cidadãos. A uma ou a várias vozes, os países europeus têm conseguido dar respostas a casos concretos, contudo, para contrariar a crise, essas mesmas medidas terão de ser tomadas em conjunto por todos os países da UE.

Em Portugal foram tomadas algumas medidas. Nem todas para combater a crise. Assegurar a totalidade dos depósitos é benéfico para clientes dos bancos e para os próprios bancos. O anúncio das medidas do primeiro-ministro José Sócrates, no parlamento, com excepção do aumento dos subsídios às PME, não resolve os principais problemas das empresas, i.e. a falta de liquidez e dificuldades de tesouraria. A redução do imposto de IRC para 12,5% para a matéria colectável até 12.500 euros é uma boa medida – não nos podemos esquecer que medida similar foi apresentada pelo PSD e chumbada pelo PS. O 13º mês de abono para as famílias mais carenciadas foi uma das medidas tomadas pelo governo de Santana Lopes…

Mas o que fazer para melhorar a saúde financeira das empresas? O PSD apresentou uma medida de apoio às PME através da alteração do IVA. Em traços gerais, o pagamento do IVA ao Estado seria efectuado após as empresas receberem o dinheiro da factura. Esta medida traria liquidez às empresas. Recordo que as empresas têm de pagar o IVA mesmo quando o devedor é o próprio Estado… é imoral.

E a banca? Os principais e maiores bancos portugueses estão a apertar, cada vez mais, os critérios na concessão de crédito. Temos que salientar que não assistimos a uma especulação imobiliária como nos EUA ou na vizinha Espanha, pelo que o risco de crédito mal parado é menor que outros mercados. De salientar a garantia dada pelo governo por tudo fazer no sentido de manter o sistema financeiro sólido.

Para finalizar um conselho: pare, escute e olhe. Não entrar em pânico e não retirar o dinheiro dos depósitos, fundos e outros investimentos. Caso tenha coragem, invista.
Luís Correia

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