terça-feira, 3 de março de 2009

Tempos de crise

Vivemos agora em tempos de crise. Todos os dias vemos notícias de fábricas a fecharem, sociedades a entrarem em insolvência e consequentemente o número de desempregados a aumentar. Sabemos ainda que os jovens não conseguem entrar condignamente no mercado de trabalho e que são explorados através do famoso sistema “recibo verde”. As pessoas de 50 anos que têm o azar de ser “despejados” desse mesmo mercado, também não conseguem nele reintroduzir-se.
Vivemos tempos de crise, mas pior, a própria sociedade está a entrar em falência. Porque sem emprego a sociedade como a entendemos desmorona-se. Ou ficamos todos dependentes dum Estado que não tem dinheiro para nos suportar ou enveredamos por actividades criminosas para sustentar-nos a nós e aos nossos, mas por qualquer uma destas vias, a sociedade civil como a entendemos desmoronar-se-á. Os subsídio-dependentes são fantasmas no nosso mundo e os criminosos os maus da fita. Quem quererá ou admitirá transformar-se num fantasma ou num vilão? Nós não. Nunca o poderemos admitir. Temos de lutar contra a crise. Lutar pelo nosso emprego e pelo nosso sustento. Lutar contra quem nos quer amordaçar. Mas como fazê-lo? Como lutar contra tempos de crise em que há constantes despedimentos e mal conseguimos fazer face a despesas tão essenciais como a saúde, o vestuário e a própria alimentação? Uma das vias é apostar na formação das nossas próprias empresas e sermos trabalhadores por conta própria, no entanto, nesta altura, tal exige um estudo de mercado bastante aprofundado para não incorrermos numa insolvência no primeiro mês de trabalho.
Mas, em tempos de crise, não somos só nós que temos de lutar. O Governo tem de lutar connosco, tem de criar incentivos às empresas, pequenas, médias ou grandes, tem de criar o incentivo necessário ao emprego, mas tem sobretudo de prover pela integração de jovens nas empresas e também daquelas pessoas de 50 anos ou mais que foram “escorraçadas” do mercado de trabalho, porque estes são agora o que chamamos de grupos de risco da empregabilidade.
O nosso Estado pode e deve ser um Estado Social. Não um Estado interventivo em tudo, mas um Estado que saiba intervir. Não se compreende que não haja uma aposta clara no emprego nestes tempos de crise em que quotidianamente crescem os desempregados. Não se compreende que haja mais ajuda aos Bancos do que às pessoas. Não se compreende o investimento em obras públicas grandiosas, que não asseguram o emprego imediato dos recentes desempregados ou jovens à procura do primeiro emprego.
O investimento tem de ser feito de acordo com as necessidades do momento. Não precisamos de obras públicas espampanantes, precisamos de emprego seguro para assegurar o fomento de toda a economia. Não precisamos de inúmeros Bancos fortes, quando sabemos perfeitamente que eles sabem prover às suas necessidades. Os Bancos são as sanguessugas contemporâneas. Parecem a melhor solução tal qual como nos tratamentos dos médicos da Idade Média, mas viemos a verificar que há métodos mais eficazes.
Não é sustentando Bancos que enriquecem à custa dos vários créditos que concedem que vamos fomentar a economia. É pondo o dinheiro na mão das pessoas através da criação de empregos nos mais variados sectores. Essas pessoas com emprego seguro inevitavelmente conduzirão ao fomento da economia, através do consumo e também da poupança. O crédito só traz uma sociedade endividada. Precisamos de incentivar sim o consumo e a poupança e isso só pode ser conseguido através da criação de emprego. E dado que nem todos conseguimos ou podemos criar o nosso emprego sozinhos, o Estado tem de intervir onde deve e deve sim apostar no emprego e se necessário na formação ou requalificação profissional. A título de exemplo, apontaremos alguns potenciais que pensamos que o nosso país pode desenvolver de imediato: implementação de energias renováveis, melhoramento dos serviços turísticos, aproveitamento da situação geo-estratégica do país com iniciação, investigação e potenciação de todos os recursos hídricos e marinhos e incremento das forças armadas e ainda um aperfeiçoamento de relações com os PALOPs.
Por um Estado que até pode ser menor, mas que seja melhor! É o lema que achamos que deve ser seguido. Lutemos pelo emprego!

1 comentário:

Dri disse...

Ana Sofia, concordo plenamente com as tuas palavras. Principalmente com a ultima frase: lutemos pelo emprego.... Nos jovens sabemos as dores de cabeça dessa luta e temos de ajudar na mudança deste pais. Claro que com o Porto Larnja e com as tuas contribuições conseguiremos aprender mais e melhor para lutar por um portugal melhor.