Lembro-me como começou o PSD.
Então PPD.
Então PPD.
Estive, ainda miúdo, nas primeiras sessões públicas que o partido organizou em Guimarães para dar a conhecer o seu programa e as suas ideias para um Portugal “estremunhado” com a nova realidade.
Aderi posteriormente á JSD.
E lembro-me bem do trabalho de implantação que se fez naquela secção (como em muitas outras) para dar expressão ao partido.
Constituíram-se equipas, com militantes do partido e da Jota, que andavam pelas freguesias a falar com as pessoas, a procurarem aquelas que pela visibilidade ou pela capacidade de liderança fossem capazes de assumirem candidaturas ganhadoras em representação do partido.
Foi assim que se construiu um PSD transversal á sociedade portuguesa.
Com pobres e ricos, operários e patrões, licenciados e trabalhadores indiferenciados, jovens e menos jovens.
Porque o partido, que não tinha a organização do PC ou até do PS já existentes, teve de se organizar muito rapidamente para poder ganhar expressão eleitoral.
E conseguiu-o olhando as pessoas nos olhos, discutindo abertamente os seus problemas, fazendo-as sentir que a sua opinião era importante.
Depois vieram as novas tecnologias, as televisões, o marketing refinado, os email, sms, mailings e sabe-se lá que mais, que permitindo chegar a todos o começaram a fazer de forma cada vez mais impessoal.
Transformou-se a mensagem política outrora individualizada em circulares a que todos tinham de se adaptar.
Perdeu-se o contacto pessoal que tão importante fora na construção do PPD, transformaram-se órgãos políticos, antigamente a funcionarem em função das bases, em meras catapultas para as carreiras políticas dos seus ocupantes.
O partido foi tomado pela preguiça.
O debate das ideias tornou-se a excepção e não a regra quantas vezes ao sabor dos ditames do poder autárquico em que nos tornáramos expoentes em Portugal.
Não se discutia porque não convinha ao autarca mor do concelho, não se debatia porque era inconveniente levantar questões, não se mostrava criatividade, inovação e inconformismo porque “…lá em Lisboa tratam disso…”!
Crescemos todos os dias em novos filiados mas estagnamos ou diminuímos em militantes da causa.
Porque nos fizeram sentir que não vale a pena.
E para quem não andar a dormir o resultado está cada vez mais á vista.
Daí a importância de que se reveste o “Porto Laranja”.
Em cujas sessões/jantares tenho participado muito menos do que gostaria mas ainda assim o suficiente para ver o essencial.
Lá se respira um ambiente “á PPD”.
Porque alguns dos que lá estão pertencem a esse tempo, é certo, mas essencialmente porque todos perceberam que vamos por mau caminho e é preciso mudar a estratégia de actuação política.
Voltar a dar ás pessoas a oportunidade de debaterem ideias livremente, sem serem condicionadas por nenhum tipo de sentimento de “inconveniência” oportunamente induzido pelos sempre fiéis ao poder interno (seja ele qual for), voltar a dar aos militantes a noção de que a sua opinião importa.
Voltar ás bases.
Ao poder das bases que sempre foi estimulado e defendido por Francisco Sá Carneiro.
O “Porto Laranja” está no bom caminho.
O caminho de regresso á pureza de princípios que fizeram do PPD um grande partido.
Espero que assim continue.
E que o excelente exemplo que está a dar ao PSD seja seguido em muitos concelhos deste país onde o partido está a precisar, e de que maneira, de um “Porto Laranja”.
Luis Cirilo
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