Nos últimos tempos a palavra “voto” corre de boca em boca: são os políticos que apelam ao voto, as empresas que ditam nas sondagens a orientação do voto ou então os mass media que gastam litros de tinta sobre o trajecto do voto dos portugueses. Esta fixação na palavra “voto” recordou-me os pregões de outrora. Para os mais novos, longe vão os tempos em que o som das ruas deste país se caracterizavam pelos pregões das diferentes profissões que existiam na época. Actualmente, a maioria dessas profissões, desapareceu do mercado laboral, mas a memória não nos trai e relembra-nos o som das peixeiras, dos ardinas ou mesmo dos vendedores de castanhas. Estes, ao contrário dos políticos, utilizavam as palavras para apelar à compra do produto que estes vendiam ou para publicitar a sua prestação de serviços ao próximo.
É com saudosismo ou mesmo nostalgia que relembro pregões como: “olha a sardinha boa bela e fresquinha”, “Quem quer quentes e boas”, “Venha ver freguesa” ou ainda “Há figuinhos de capa rota quem quer figos quem quer almoçar”. Estas criações sonoras dos trabalhadores urbanos deixaram de se ouvir nas ruas das cidades em detrimento de outdoors com frases que apelam ao voto em massa nos diversos partidos que constituem a nossa Assembleia. Quer seja a nível autárquico ou legislativo, os pregões dos políticos demonstram a falta de imaginação, a arrogância, o orgulho e muitas vezes as falsas promessas. Esquecendo por vezes que aquele outdoor e todo o dinheiro investido nele vai terminar esquecido, rasgado pelo tempo ou então uma tela para jovens aprendizes da arte urbana do graffiti.
Não obstante a estes pregões, decidi puxar pela minha imaginação e criar eu mesma um pregão de índole política que atraísse os portugueses. Depois de muito pensar, surgiu a seguinte construção frásica: “ Quem quer comprar o meu voto? Não é barato nem caro. Venha cá ver senhor político”.
Sem dúvida, um pregão original, mas os militantes do PSD “roubaram-me” a originalidade. De acordo com uma reportagem da revista Sábado, militantes do PSD denunciaram a prática de actos poucos éticos e contrários aos estatutos do Partido em causa, como seja a compra de votos a habitantes de bairros sociais para votarem nas eleições internas ou mesmo a distribuição de avenças e empregos em troca da inscrição de militantes. Acredito que, neste momento, o conselho de jurisdição do partido em causa já esteja a trabalhar e a tentar averiguar a veracidade ou não da situação.
Independentemente da compra dos votos ser no PSD ou noutro partido político, é lamentável se se verificar a veracidade do acto. Em primeiro lugar, partilho da opinião de que só deve ser militante de um partido quem acredita nos valores que o regem e acima de tudo quem conhece a sua história e os seus princípios. De que adianta dizer, sou social-democrata se não sei que Francisco Sá Carneiro é um dos seus fundadores ou mesmo que adianta dizer sou comunista se não sei quem foi Álvaro Cunhal? Em segundo lugar, paralelamente às convicções políticas, entendo que cada um deve valer pelas suas capacidades e não pela sua capacidade monetária. Nem todos nascemos com o dom da persuasão ou com o dom da oratória, mas sim com a capacidade de pensarmos e colocarmos as nossas aptidões em prol dos outros. E, assim, estamos a contribuir de forma activa e legal para o melhorar da sociedade seja de forma independente ou através da militância de um partido. E mesmo quando militamos um partido devemos usar essa faceta de forma legal, justa, concreta e dentro dos limites do bom-senso. É lamentável quando a usamos para comprar a liberdade de voto dos outros ou a usamos para ser superiores ou mesmo para descriminarmos aqueles que diariamente partilham connosco o local de trabalho ou o mesmo transporte público. Acredito que neste momento a vossa conclusão será: estamos perante uma utópica. Não sei se é utopia ou não, acreditar que um dia a politica e os políticos utilizarão os seus pregões como armas, mas de acordo com uma frase chave de Francisco Sá Carneiro: “A política sem risco é uma chatice mas sem ética é uma vergonha.” Daí continuar a acreditar nesta utopia politica e naquela utopia que me permite relembrar e acima de tudo não deixar esquecer a musicalidade dos pregões de antigamente que são uma marca de ontem, hoje e amanhã.
ate ao proximo post
Dri
É com saudosismo ou mesmo nostalgia que relembro pregões como: “olha a sardinha boa bela e fresquinha”, “Quem quer quentes e boas”, “Venha ver freguesa” ou ainda “Há figuinhos de capa rota quem quer figos quem quer almoçar”. Estas criações sonoras dos trabalhadores urbanos deixaram de se ouvir nas ruas das cidades em detrimento de outdoors com frases que apelam ao voto em massa nos diversos partidos que constituem a nossa Assembleia. Quer seja a nível autárquico ou legislativo, os pregões dos políticos demonstram a falta de imaginação, a arrogância, o orgulho e muitas vezes as falsas promessas. Esquecendo por vezes que aquele outdoor e todo o dinheiro investido nele vai terminar esquecido, rasgado pelo tempo ou então uma tela para jovens aprendizes da arte urbana do graffiti.
Não obstante a estes pregões, decidi puxar pela minha imaginação e criar eu mesma um pregão de índole política que atraísse os portugueses. Depois de muito pensar, surgiu a seguinte construção frásica: “ Quem quer comprar o meu voto? Não é barato nem caro. Venha cá ver senhor político”.
Sem dúvida, um pregão original, mas os militantes do PSD “roubaram-me” a originalidade. De acordo com uma reportagem da revista Sábado, militantes do PSD denunciaram a prática de actos poucos éticos e contrários aos estatutos do Partido em causa, como seja a compra de votos a habitantes de bairros sociais para votarem nas eleições internas ou mesmo a distribuição de avenças e empregos em troca da inscrição de militantes. Acredito que, neste momento, o conselho de jurisdição do partido em causa já esteja a trabalhar e a tentar averiguar a veracidade ou não da situação.
Independentemente da compra dos votos ser no PSD ou noutro partido político, é lamentável se se verificar a veracidade do acto. Em primeiro lugar, partilho da opinião de que só deve ser militante de um partido quem acredita nos valores que o regem e acima de tudo quem conhece a sua história e os seus princípios. De que adianta dizer, sou social-democrata se não sei que Francisco Sá Carneiro é um dos seus fundadores ou mesmo que adianta dizer sou comunista se não sei quem foi Álvaro Cunhal? Em segundo lugar, paralelamente às convicções políticas, entendo que cada um deve valer pelas suas capacidades e não pela sua capacidade monetária. Nem todos nascemos com o dom da persuasão ou com o dom da oratória, mas sim com a capacidade de pensarmos e colocarmos as nossas aptidões em prol dos outros. E, assim, estamos a contribuir de forma activa e legal para o melhorar da sociedade seja de forma independente ou através da militância de um partido. E mesmo quando militamos um partido devemos usar essa faceta de forma legal, justa, concreta e dentro dos limites do bom-senso. É lamentável quando a usamos para comprar a liberdade de voto dos outros ou a usamos para ser superiores ou mesmo para descriminarmos aqueles que diariamente partilham connosco o local de trabalho ou o mesmo transporte público. Acredito que neste momento a vossa conclusão será: estamos perante uma utópica. Não sei se é utopia ou não, acreditar que um dia a politica e os políticos utilizarão os seus pregões como armas, mas de acordo com uma frase chave de Francisco Sá Carneiro: “A política sem risco é uma chatice mas sem ética é uma vergonha.” Daí continuar a acreditar nesta utopia politica e naquela utopia que me permite relembrar e acima de tudo não deixar esquecer a musicalidade dos pregões de antigamente que são uma marca de ontem, hoje e amanhã.
ate ao proximo post
Dri
2 comentários:
Adriana,
E tu ainda não sabes a história do burro, ou o que lhe deu origem.
Infelizmente este é o estado do partido, cabe-nos a nós que acreditamos que é possível fazer política com Ética, continuar a lutar pela regeneração da política.
no meu conselho,há pessoas k dizem ter sido pagas para votar no ,ps,e revelou se grande mudança,camara municipal empenhada.coincidencia.mas quem paga é o zé povinho.campanhas deveriam ser pagas pelos mesmos,nao pelo governo.quem tem poder,abusa dele,camaras deveriam ser fiscalizadas,acima de todos os comércios.há muita camuflagem e vigarismo,ordenados a pessoas pra estarem em casa,desemprego sem nunca ninguem trabalhar,e muito mais,descriminaçao.etc
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