sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Carta Aberta aos dirigentes e militantes do PSD

A RESPONSABILIDADE DO PSD

Tempo de Mudar.
Os partidos políticos estão a afastar-se da resolução dos problemas da Sociedade Portuguesa, como claramente espelham os elevados níveis de abstenção eleitoral.
Portugal necessita de uma liderança mobilizadora, capaz de operar as mudanças inadiáveis, o que exige um discurso e uma prática que não se subordinem àquilo que, a cada momento, é considerado como politicamente correcto por determinados grupos organizados e com influência nos média.
Mudança tem sido o mote político mais utilizado nos últimos anos. A ideia de “mudar o que está” reflecte um sentimento de descontentamento em relação a um poder socialista, que mal tem governado o país.
Mudança desejada pela crescente desconfiança dos portugueses no sistema político e na forma de intervenção dos partidos políticos. É tempo de se regenerar a Política.

Diagnóstico Preocupante
Portugal é hoje um país sem rumo, afectado por uma profunda crise económica e social, cuja responsabilidade não é apenas da chamada crise internacional, mas muito do governo “Sócrates”, que em vez de concretizar as reformas necessárias, “vendeu” ao longo destes quatro anos ilusões, que se vieram a desvanecer por completo no nosso imaginário.
A economia portuguesa persistiu, nestes últimos anos, num crescimento económico incipiente, muito abaixo da média europeia, demonstrando uma estagnação, que deixando de ser meramente conjuntural, passou a ser estrutural.
O desemprego cresce rapidamente, afectando todos os estratos da população, mas sobretudo jovens quadros e concidadãos na faixa dos 50 anos, que muito dificilmente voltarão ao mercado do trabalho.
Portugal deixou de ser um país, como diria Francisco Sá Carneiro, onde os jovens tenham futuro e os idosos tenham presente.
O desemprego real, a dívida externa, muito pela falência do nosso sistema produtivo, as dificuldades das PMEs, base das nossas exportações, com um forte endividamento e uma carga fiscal excessiva, são as consequências evidentes de quem, na acção governativa, tem tido claramente um rumo sem sentido estratégico. Ora neo-liberal na regulação dos mercados, depois “intervencionista” no adiamento das soluções estruturais para a nossa economia.
Para o cidadão comum o que conta são as consequências desta crise e saber se estamos mais próximos de encontrar soluções ou de acenar com a imagem de um país onde não se passa nada.

Que Futuro
Este governo, perante uma crise séria, política e económica, insiste em mais do mesmo: o crescimento insustentável da despesa pública, que representa hoje já metade do produto nacional, com o anúncio de fortes investimentos públicos improdutivos.
Só o redimensionamento das funções do Estado, a redução gradual dos impostos, a aposta na educação e a exportação como desígnio nacional , com o consequente apoio às PMEs e necessário incentivo ao emprego, poderá inverter a lógica e o ciclo de pobreza e de salários baixos que se vive em Portugal.
O combate ao desemprego e o reforço da protecção social, como garantia aos mais desfavorecidos, deve ser uma prioridade nas propostas de um Partido Social Democrata.
A aposta no Homem e na iniciativa das Pessoas, em conjunto com investimentos públicos reprodutivos, na educação, na ciência e tecnologia e na requalificação, na saúde activa e na justiça devem ser prioridades para o PSD.

Mudar de Rumo
É necessário não matar os “sonhos” que geram as energias indispensáveis para passar de uma atitude reagente para uma atitude pró-activa e motivar os portugueses, num processo que irá mexer com muitos dos interesses de “privilégio” existentes.
Exige-se uma estratégia clara, capacidade de decisão, táctica na condução do processo e uma constante preocupação para que façam prevalecer sempre os interesses colectivos e do país.

A Responsabilidade do PSD
Este é o grande desafio estratégico para a actual direcção do PSD e a condição essencial para que a mudança se concretize, e renovando, se inicie um novo estádio de desenvolvimento.
O PSD não se pode esquecer que tem com Portugal a responsabilidade de ser o maior partido da oposição e, assim, a única alternativa credível na governação.
O PSD tem de ser o portador dessa esperança para os portugueses, como o foi no passado com Francisco Sá Carneiro e Aníbal Cavaco Silva quando liderou a reforma constitucional política e económica.
O PSD tem a responsabilidade de concretizar uma relação de intervenção política, quer no seu interior, quer na forma como deve discutir o que verdadeiramente interessa: medidas e políticas que contribuam para a melhoria das condições de vida dos Portugueses.
Os portugueses querem respostas claras e não exercícios de lideranças putativas em volta do maior partido da oposição. Temos de compreender que entre 1996 e 2009, o PSD só esteve no poder executivo (em coligação com o CDS/PP) no período de 2002-2005.

O Norte de Portugal e o Porto
A situação deprimente ainda é mais grave no Norte do País, ainda há bem pouco tempo a segunda maior e importante região da Europa, é hoje considerada uma das regiões mais pobres da União Europeia, com um nível de desemprego ainda mais acentuado e com milhares de PMEs, base do nosso sistema produtivo e exportador, em dificuldades e à beira da falência. Esta situação é demasiado séria, para ser ignorada.
Perante este cenário, o PSD do Porto não se pode alhear, como tem feito, de apresentar as suas reflexões e as suas propostas concretas, deixando claro aos cidadãos e aos eleitores que o PSD do Porto é exigente, está atento e tem uma politica reformista para a Região e para o País, apresentando sobretudo respostas mobilizadoras para os problemas reais das Pessoas.
O PSD tem de perceber a razão porque está há tanto tempo afastado do governo do País. Não será evidentemente por culpa dos portugueses.
O ano de 2009 será um ano decisivo para o PSD, se se voltar a afirmar como o partido no qual os portugueses acreditam.

Confiança no Futuro
O dia seguinte já começou. Se o PSD for capaz de voltar a ganhar a confiança dos portugueses, será o vencedor das próximas eleições legislativas e terá a responsabilidade de seguir um novo rumo reformista. Governar a pensar nos portugueses e melhorando as suas condições de vida.
Se mantiver a actual lógica interna de fazer política, olhando para interesses pessoais, perderá as eleições e o dia seguinte significará a responsabilidade de refundar o PSD.
Tenhamos todos a responsabilidade de compreender a máxima de Francisco Sá Carneiro : primeiro – Portugal; segundo – a democracia e terceiro – a social democracia.
É esta a responsabilidade histórica do PSD.
Uma coisa é certa, no final do ciclo eleitoral, em 2010, vamos mudar de vida.

Porto Laranja,
Porto 22 de Janeiro de 2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Desde que não mudemos outra vez para Menezismos ou para Jardinices... O tempo do populismo terá de ser enterrado de vez.Mas enquanto tivermos alguns "gangs" dentro do PSD é díficil...