O desemprego é hoje praticamente à escala global (cerca de 45 milhões de desempregados no conjunto dos países da OCDE) um fenómeno em galopante ascensão, e é do meu ponto de vista o desafio mais difícil que enfrentamos, sendo no nosso país hoje, o problema social mais grave.
Sem perspectivas de crescimento económico, este fenómeno vai agravar-se, e é já a causa mais importante do crescimento da pobreza, e a face visível do drama humano da crise.
Portugal tem uma das taxas de desemprego mais elevada da União Europeia a 27, e entre os 34 estados membros da OCDE, ultrapassando já os setecentos mil desempregados, 12,4%, e estimo mesmo uma taxa real de cerca de 15.2% se considerarmos os inactivos disponíveis (que deixaram de procurar emprego) e o sub emprego (“biscates”).
A Região Norte, tem indicadores ainda mais preocupantes, o que não é de estranhar, uma vez que é região chave do país para a produção de bens transaccionáveis.
Cerca de 278.000 desempregados, ou seja uma taxa de 14%, corrigida para cerca de 16,9% com os inactivos e o subemprego que afecta cerca de 56.000 pessoas.
A riqueza destruída pelo desemprego, é hoje de cerca de 9.700 milhões de euros, ou seja aproximadamente 20.3% do PIB da Região Norte.
O desemprego afecta essencialmente dois níveis etários de forma grave e com consequências para o futuro do país em termos económicos e sociais:
Jovens, em que no primeiro trimestre de 2011, a taxa de desemprego para pessoas entre os 15 e os 24 anos ascendeu aos 17,4% nos países da OCDE, sendo em Portugal de 22.4%, bem superior à taxa média de desemprego, que representando um desemprego qualificado, e que não conseguindo o tão almejado posto de trabalho, em Portugal, seguem a única saída possível, ou seja encontrar emprego noutros Países. Estamos a assistir a uma fuga de jovens quadros, que terá reflexo evidente no crescimento económico futuro. São cerca de 95.000 os jovens à procura de emprego;
Portugueses, já com longa experiência no mercado de trabalho, que por fecho das empresas, ou racionalização de actividades, estão no desemprego em idades (40 a 65 anos), em que muito dificilmente voltarão a reentrar no mercado de trabalho, sendo por isso um problema social muito grave, e que está na origem do crescimento da pobreza.
Note-se que no último ano a taxa de desemprego de longa duração, cresceu cerca de 33%, registando – se mesmo para o desemprego com mais de 25 meses, um crescimento na ordem dos 80%. Este é um verdadeiro drama humano.
Sem perspectivas de crescimento económico a curto prazo, com uma estagnação da procura interna e com os níveis de confiança dos consumidores e das empresas, nomeadamente das empresas que criam postos de trabalho, as PMEs, a apresentarem sinais verdadeiramente alarmantes, o combate ao desemprego tem de ser encarado como uma prioridade política do governo, exigindo-se pois medidas de política activas de emprego e medidas de política social que minorem os efeitos colaterais do desemprego, associados à pobreza.
Quanto a estas últimas, registe-se o Programa de Emergência Social, lançado pelo governo e a actuação extremamente positiva do Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Dr. Marco António Costa, que tem vindo a encontrar e preparar respostas para os mais desprotegidos, focalizando apoios aos grupos de risco, num verdadeiro modelo de inovação social, envolvendo autarquias, IPSS’S, Misericórdias, Mutualidades, que se traduz na dinamização de uma verdadeira economia social.
Do ponto de vista da Economia, é absolutamente crucial, que o governo dê os sinais necessários, que ainda não deu, para que se inicie um ciclo virtuoso de atracção de investimento estrangeiro, que crie novas competências e oportunidades, sinais claros de aumento da produção nacional, para o mercado interno em substituição de importações, para os mercados externos, reforçando a componente exportadora, de alterações do financiamento da economia e das PMEs, e de uma aposta no capital de risco público. Medidas e Visibilidade na Economia, são vitais e urgentes.
Todos os sacrifícios que os portugueses estão a fazer, do ponto de vista financeiro, para reequilibrar as contas públicas, poderão ser em vão, se Portugal não iniciar rapidamente um ciclo de crescimento económico, que traga a “luz necessária para se ver o fundo do túnel”
Luis Artur
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