segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Debate | "Coesão Económica, Territorial e Social" com o Eng. João Proença


Mensagem a Jorge Moreira da Silva

Estimado Jorge M da Silva
 
Sou o Vieira da Cunha, conversamos brevemente no Porto, na apresentação das Secções Temáticas do PSD/Porto e tive oportunidade de lhe dizer que estamos, politicamente a desperdiçar uma oportunidade única de nos apresentaremos ao País como autênticos Reformadores Sociais-democratas em vez de andarmos a reboque de soluções Financeiras que não tem nenhum impacto na Economia real.
Infelizmente a nossa breve conversa foi premonitória em relação ao que aconteceu a seguir e gerou esta onda de incompreensão de uns e de oportunismo saloio de outros, que estamos a ter dificuldade em denunciar e que nos colocou á "defesa" numa situação politicamente difícil e o que é certo é que ainda estamos a tempo de voltar a estar por cima.
 
De acordo com a nossa conversa a minha Tese é a de que o Tecido Empresarial PME, predominante em Portugal, em largos e diversificados Sectores da Economia, não está dimensionado e organizado para viver na Economia Global a que as" generosas" Politicas Aduaneiras da Comissão Europeia ,comprometeram mais, condenando a competitividade do nosso aparelho produtivo, abrindo as nossas fronteiras sem cuidarem de:
  • Garantirem Politicas de Reciprocidade Aduaneira com os Países beneficiários da n/ abertura fiscal/baixos ou nulos impostos á importação;
  • Não taxarem o "Deficit Social" de que são portadores os produtos que importamos, produzidos por trabalhadores sem Direitos Sociais ou mão-de-obra infantil;
  • Não taxarem o Deficit de Proteção Ambiental de que são portadores muitos produtos que importamos e que á nossa industria custam milhões;
  • Não adotarem uma atitude mais firme de reclamação contra o Dumping Cambiário praticado por muitos dos que "engordam" assim a sua Balança Comercial.
 
Corrigir isto, viabilizaria muitas das nossas Industrias que tem Milhões de € em Equipamentos parados por falta de competitividade, ou por concorrência desleal desses Países.
 
E não se diga que isto é" protecionismo"!", etc. , como dizem os neoliberais que tem pouco de Sociais Democratas e que não veem com sentido de justiça estes desequilíbrios induzidos por uma globalização aceite por uma Europa ingénua.
 
Que vejam as Tarifas Aduaneiras dos EE UU, do Brasil, da China e verifiquem como esses e outros se protegem apesar de apregoarem que estamos numa "Economia de Mercado".
 
Dito isto, que nos levaria longe, mas que é um importante Trunfo Politico que poderíamos, no PSD, estar a manejar quero ainda referir-lhe o outro lado da questão do desemprego e da "responsabilidade?" do Governo em resolvê-lo sozinho, como muitos nos exigem e nós , também aceitamos ser nossa responsabilidade, sem pedir contas aqueles que sim fecham Empresas, muitas vezes de forma fraudulenta, fracassam por má Gestão ou por irresponsabilidade, mandando para o desemprego, ou para que o Estado pague subsídios, milhares de Trabalhadores e Empregados que, em Empresas geridas com mais rigor, poderiam estar a trabalhar.
 
Esta é a questão! Não temos um" Tecido" Empresarial suficientemente qualificado para viver e gerir nestes tempos de incerteza e de Economia Global, agravada pelo que antes referi.
 
Temos ainda muitos "Patrões", principalmente naqueles Setores da Economia de Manufatura que empregavam grande quantidade de Trabalhadores, e uma minoria de Empresários competentes, na Gestão das suas Empresas.
 
É o Governo que cria Emprego? Vamos aceitar esse discurso "Socrático" dos 150 000, que acabou por compromete-lo ou vamos pedir responsabilidades ás Associações Patronais e perguntar-lhes que querem fazer para melhorar a qualidade da Gestão Empresarial, para que as Empresas tenham êxito e não fracassem por má gestão, como tem acontecido em muitos setores da nossa Economia, principalmente naqueles que empregam mão de obra intensiva.
 
O problema das Empresas não é so falta de Capital, é também falta de Quadros Profissionais portadores de novas formas de trabalhar e de inovar comercialmente Os nossos Empresários tradicionais são indivíduos muito orientados "ao produto" e muito pouco "orientados ao mercado".
 
Trabalhamos anos seguidos a produzir grandes marcas de roupa para o mundo e não temos uma Marca de roupa/Fatos de homem por exemplo, com prestígio internacional e além disso estamos, nesse setor, falidos por falta de Clientes, que poderíamos continuar a ter se soubéssemos trabalhar comercialmente.
 
Então até os Empresários não querem a redução da TSU? muito bem ,vamos então lançar um Programa Nacional de Requalificação e de Reconhecimento de qualidade na Organização e Gestão das Empresas, particularmente nos setores de bens transacionáveis e a quem qualifique e só a esses, vamos dar incentivos fiscais, canalizar para eles os jovens licenciados do Programa recentemente lançado pelo Secretario de Estado dos Assuntos Sociais, de Emprego de jovens Licenciados nas Empresas, mas exigir que sejam aproveitados nas suas competências, envolver o IAPMEI na Classificação e Homologação da Qualidade Organizacional das Empresas, com a Colaboração das Faculdades de Economia e Gestão, definir os Modelos Organizacionais desejáveis para cada setor da economia enfim, por o Pais/Empresarial a mexer e perguntar ás Associações Empresariais porque são tão apáticas e não se auto-organizam para melhorar a qualidade organizacional dos seus membros?
 
Só assim é que calamos os demagogos que estão sempre a falar e a pedir "desenvolvimento económico" mas não tem uma “puta ideia” de como isso se faz!
 
Jorge Moreira da Silva! Vocês aí em cima não são obrigados a verem o País assim, mas o que lhe digo, sumariamente, é a verdade, e isto é dito por um homem com sensibilidade e discurso político próprio, que ama o seu País e que o idealiza melhor se for governado por Sociais-democratas.
 
Creia que há espaço para a ideologia Politica e ela esta a faltar-nos na Governação.
 
Veja um Modelo adaptado de Cogestão (esta no nosso Programa Fundador) a ser aplicado nas relações Profissionais na AutoEuropa.
 
Estou á sua disposição para fazer tudo que lhe digo e proponho.
 
Assuma uma atitude mais marcante no seu cargo e venha às bases de forma organizada, não visitar Empresas de aparente êxito, como faz o Presidente ou o seu Primeiro-ministro, antes venha visitar Empresas e Setores Falidos ou paralisados, para mostrarmos às pessoas que as queremos por a trabalhar! e traga o Deputado da Zona para que trabalhe localmente.
 
Um Abraço
Vieira da Cunha

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Reacção às diatribes de um "Senador"

Comentário publicado hoje na página do Facebook de António Capucho, relativamente à sua entrevista ao i:
Caro António Capucho, a sua entrevista hoje ao i é absolutamente deplorável, configura a nítida existência de um “complot” para derrubar um governo que, não obstante todas as manifs anti-troika, goza de muito maior legitimidade que a rua e todos os “senadores” juntos. Não me recordo de ter lido declarações suas tão violentas com José Sócrates, que nos pôs no estado de desgraça em que estamos e é o causador principal de todas as lancinantes medidas que nos vêm atingindo.
Você tem todo o direito de pensar assim, só que deve ser consequente: reúna assinaturas para directas antecipadas e assuma-se desde já como candidato à liderança do PSD. Você ou qualquer dos seus outros parceiros do “complot”, seja o Rui Rio, a Manuela Ferreira Leite, o Pacheco Pereira ou quem entenderem. Se têm um projecto diferente e melhor, assumam-no, entrem desde já em ruptura como fazia Sá Carneiro e partam à conquista do poder, não o façam apodrecer à espera que ele vos caia nas mãos. Essa do governo presidencial ou de salvação nacional é a subversão total do regime, o unanimismo da paz podre, laivos de puro terceiro-mundismo. Ponham tudo em causa se assim o entenderem, incluindo o plano de resgate que terão depois de o renegociar, mas assumam-se integralmente de acordo com as regras e mostrem depois o que valem. Não acredito que no final fiquemos melhor, mas cá estaremos para vos julgar.
Já tive oportunidade de lhe dizer que não há programa de austeridade e de ajustamento económico que se faça sem dor. De um “senador” como você, esperava-se que fizesse alguma pedagogia e explicasse a lógica das medidas (podendo ou não concordar com elas) em vez de, simplesmente, fomentar e cavalgar a onda do descontentamento. A alteração da TSU, que tanto alarido tem provocado, não pretende combater o défice (ela é neutra em termos fiscais), mas é antes uma medida visando 2 objectivos: um de natureza jurídico-política, para contornar o pobre argumento do Tribunal Constitucional quanto à falta de equidade na retirada dos subsídios à função pública; outro, de política económica e enquadrando-se no ajustamento pretendido para a economia com o reforço do sector transacionável. Como deve saber, as medidas constantes no Memorando da Troika não visam apenas o equilíbrio das finanças públicas, mas pretendem também o reajustamento estrutural da economia, criar condições para aumentar a nossa competitividade internacional e evitar novos desequilíbrios no futuro. Ora, a alteração da TSU é uma das várias medidas nesse sentido e, tal como está concebida, é de longe preferível a outras variantes da desvalorização fiscal em que se compensa a redução da taxa às empresas com aumento de impostos. Convenhamos que a solução encontrada pelo governo é bem mais justa, porque internaliza a questão ao nível das empresas: são os próprios trabalhadores que irão “financiar” o aumento de competitividade da empresa em que trabalham, uma entidade em que são parte interessada e de cujo sucesso amanhã certamente beneficiarão. O mesmo já não se passa se for o contribuinte em geral ou o consumidor a financiar a reestruturação empresarial, ficando totalmente desligados dos sucessos futuros das empresas. Você já defendeu, tal como Portas (mais impostos??? Jamais!!!) por interposto Bagão Félix, o aumento do IRS pela “virtude” da progressividade. Para além das condicionantes do Memorando que limita o ajustamento pela via da receita, recordo-lhe que um aumento de impostos muito dificilmente configura uma medida de política económica, trata-se geralmente da solução mais fácil, da fuga em frente, da droga que se continua a facultar ao viciado.
Mas há uma tremenda desigualdade nos sacrifícios, diz você. Sem dúvida! Qualquer política de ajustamento vai beneficiar determinados interesses em detrimento de outros, com a inerente iniquidade na repartição dos sacrifícios. Mas o problema de fundo não reside na “escandalosa” transmissão de rendimentos dos particulares para as empresas como tem sido propagado, de forma assaz hipócrita por muitos. A medida é flexível q.b. para permitir ajustamentos dentro das empresas e muitas haverá que continuarão a assumir o encargo actual com a TSU, não penalizando assim os respectivos trabalhadores. Isto irá acontecer fundamentalmente com as empresas exportadoras que serão indiferentes à queda (deliberada) na procura interna que a medida irá provocar. As empresas viradas apenas para o mercado interno, geralmente de bens e serviços não transacionáveis, serão bastante afectadas e têm aqui um bom incentivo para diversificarem mercados. Só que estamos a falar de empresas de grande dimensão, incumbentes e com ligações de sempre ao Estado, com enorme capacidade de lobby, com acesso fácil aos media (parte interessada, de resto, pois também integram o sector não transacionável), e que, pela 1ª vez, sentem estar a ruir o proteccionismo de que beneficiaram durante décadas. Esta “gente ilustre” há muito que gritou “Não à Troika”, não se coibiu em promover as manifs de sábado (basta ver a “mobilização” prévia das televisões) e exercerá todos os meios de pressão ao seu dispor para derrubar o governo mais hostil de sempre aos seus interesses.
Reparei que apreciou o último comentário que fiz sobre a delicada situação financeira internacional num post seu, pelo que deduzo concorda estar o mundo “no fio da navalha”. Assim, numa envolvente destas repleta de condicionantes restritivas, depois de termos TODAS as instituições internacionais a elogiarem Portugal pelo cumprimento rigoroso do programa de assistência, depois de termos convencido meio mundo que somos infinitamente diferentes da Grécia, depois de vermos um indicador importantíssimo como as taxas de juro a baixar significativamente nos últimos meses, prova que estamos a reganhar a confiança dos mercados, pormo-nos a brincar aos governos e às coligações, pode deitar tudo a perder.
Tenha paciência, mas o país não pode andar refém dos vossos ódiozinhos de estimação (que transparecem na entrevista) e dos interesses de todo um “establishment” baseado no sector não transaccionável e que você e o seu “distinto” grupo, consciente ou inconscientemente, corporizam.
Saudações laranjas.