O economista Luis Artur Ribeiro Pereira, 50 anos, natural de Angola, é quadro dirigente da Galp Energia, à frente do grupo de intervenção cívica Porto Laranja, de matriz social democráta, também militante do PSD (Portugal) há 32 anos.
Luis Artur adianta alguns tópicos que deverá abordar durante a Conferência sobre "Liberdade de Expressão" e, segundo ele, "Cabo Verde é um País que está com a democracia estabilizada e que se aproxima do modelo europeu, possui um forte sentimento cultural e de liberdade. Isso ajuda a democracia".
"Vou defender duas ideias chaves nesta conferência, que a Comunicação Social deve ser o 4º Poder na intervenção das eleições, com isenção, e que seja livre. A Comunicação Social não deve tomar posição, deve apresentar o mesmo espaço a todos e permitir acesso à informação. O jornalista deve ter a liberdade de dizer o que pensa. A liberdade traz com ela a ética e cabe ao leitor decidir. E para uma democracia jovem, mas consolidada, como está a de Cabo Verde, acredito que isso é muito importante neste momento que antecede as eleições", destacou.
Outro assunto que será abordado por Pereira é sobre a violência moral e ética que os jornalistas podem enfrentar. "A melhor forma de a combater é afirmando a liberdade e a isenção. O jornalista deve resistir à manipulação. Jornalismo é liberdade, isenção, igualdade de oportunidade, ética e não manipulação ou influência", reflete.
De acordo com o economista, é possível compatibilizar a liberdade de expressão e o poder económico. "Cabem aos cidadãos e aos jornalistas combaterem a manipulação. É possível vender, contando aquilo que é a opinião crítica de cada um. Nomeadamente, estes fenómenos são importantes num período de eleição e um cidadão consegue reconhecer quando não há isenção. Compete ao jornalista saber os limites de onde está a expressar a sua opinião ou a manipular", destaca.
Outro fator importante, destacado por Luis Artur é sobre a diáspora cabo-verdiana, que, no seu entender, é atenta a outras culturas. "Os cabo-verdianos gostam muito da sua terra e cultura e estão sempre abertos e disponíveis para outras vivências. O que aprecio é a forma democrática como estão na vida. Cabo Verde é uma lição em África, um case of study", reforça.
Em contato com recentes pesquisas de Cabo Verde, o economista percebe a forte dinâmica de uma democracia jovem, mas com caráter adulto. "É importante para o País porque a política deve ser vista como uma arte nobre, a pensar nas pessoas. Sabemos que não é um País rico, mas tem apresentado um desenvolvimento económico importante e, exemplarmente, tem melhorado a qualidade de vida das pessoas, o que demonstra a boa forma como estão a nível de democracia", salienta.
Ainda na concepção de Pereira, a diáspora que possui dupla nacionalidade deve atuar e intervir na vida política de seu País acolhedor, sem se esquecer da sua vida política em Cabo Verde. "Quanto mais intervirem onde estão, mais poderão intervir em Cabo Verde. E uma falha que percebo é que os cabo-verdianos não têm uma intervenção política forte em Portugal. Eles devem ser candidatos às eleições, participar, e desta forma poderão atuar também no seu país", destaca.
Do ponto de vista de Pereira, programas de integração da diáspora não só de Cabo Verde, mas dos países falantes da Língua Portuguesa, deveria ser uma das prioridades da CPLP, por exemplo, no âmbito de um projeto lusófono. "E também na área do comércio, da indústria, da economia, do direito, da política externa e da política de imigração, comuns para todos os espaços lusófonos e que poderiam trazer bons resultados. Mas é preciso investir", diz.
"A Língua Portuguesa é um fator importante para o desenvolvimento nos países da CPLP. Acredito que na área da educação as instituições deveriam levar os conhecimentos a Cabo Verde porque o que acontece no momento é um processo inverso, ou seja, os estudantes é que saem para buscar conhecimentos. Os cursos de formação profissional são de extrema relevância, até mesmo para combater o desemprego", analisa.
No seu currículo, Luís Artur tem colaborado com rádios locais, programas e escreve artigos para jornais. Coordenou entre os trabalhos da Porto Laranja o livro "Reflexão Política - Porto D' Ideias", prefaciado por Luís Filipe Menezes, atual Presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, e que reúne diversos textos numa coletânea de autores, ligados ao grupo. "Sempre gostei de Jornalismo, quando tinha 16 anos fundei o Jornal Mensagem Social Democrata", relembra.
No grupo Porto Laranja, formado há dois anos sob o lema "Liberdade acima de tudo", Luis Artur coordena jantares/debates mensais sobre diversos temas. "Gostamos do debate. Cada um é livre de defender as suas ideias", reforça. Inicialmente composto por militantes do PSD, hoje o grupo Porto Laranja reúne outros simpatizantes como membros.
Finalizando, Luís Artur Ribeiro Pereira destaca o mérito de ações que a ACNP vem realizando como forma de intervenção cívica e social. "Martinho é muito esforçado, gosta muito de Cabo Verde e da liberdade. É trabalhador, defende as suas ideias e tem representado e levado a comunidade cabo-verdiana em diversos espaços", disse.
OBS: texto escrito à luz do Acordo Ortográfico
22-5-2010, 13:48:11
MD, Expresso das Ilhas
http://www.expressodasilhas.sapo.cv/index.php/pt/noticias/detail/id/17236
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